domingo, abril 5

Capítulo Quinze!

Domingo! E eu de videogame novo! Heh, por isso demorei tanto pra vir aqui postar hoje. Saudações pascoais do Louco, gente que não joga Skyrim!

Adiante com o Xenogears. Fei ficou sabendo do triste destino de Bart e dos outros, e resolveu tirar o traseiro de Kislev e fazer algo de útil da própria vida. Então, o primeiro passo é virar um Lutador!

Capítulo 15: Batalhando em Kislev

   No dia seguinte, Fei deixou seus aposentos para cuidar dos detalhes e, talvez, da primeira luta ainda naquele dia. Mal chegou até a porta do bar, Hammer entrou esbaforido e o avisou:
_ É isso aí... Mano... Acabei de te registrar!
_ Puxa... Essa foi rápida! – admirou-se Fei – É fácil assim?
_ Normalmente não é tão fácil – confirmou Hammer – Mas parece que uma mulher chamada Rue do Comitê de Batalha fez alguma coisa e mexeu os pauzinhos pra você.
_ Comitê...? Ah, está falando daqueles três?
_ De qualquer forma, graças a eles, a parte burocrática da coisa toda saiu suave como uma brisa! He-ei! Isso quer dizer que você pode começar a batalhar quando achar que quer, Mano!
_ Mas, deixando isso de lado, Hammer – Fei comentou, desconfiado – Desde ontem, você parece meio feliz demais! Tem algo de estranho rolando que eu não esteja sabendo?
_ Hã...? N-n-não! N-nada! N-n-n-nada, não! – gaguejou Hammer – O mecânico dos campeões, eu, teve seus pecados perdoados, e isso quer dizer que não há nada pra se suspeitar! Hahahahahahahaha!
_ Hmmm... Sei.
_ Peraí, como assim? – perguntou Hammer, suando – É claro que não tem nada de errado! Aaahh, e... Eu tenho muito o que fazer, então, vou na sua frente!
E saiu, tropeçando nas mesas. Fei ficou tão admirado que nem teve tempo de perguntar onde deveria ir para lutar. Como se percebesse isso de repente, Hammer voltou até a porta e disse:
_ Ah, antes que eu esqueça, a Arena de Batalha é nos limites do Bloco D. Fale com o guarda e ele te deixa passar. Fui!
Juntando-se a Citan, que estava tanto quanto curioso a respeito da cidade, Fei deixou a área residencial e foi até a Arena. Nortune era uma cidade cheia de chaminés que despejavam fumaça nos céus o tempo todo, e era por isso, Fei percebeu, que sempre parecia ser noite lá. O ar era mais sujo, e todas as casas e ruas tinham cheiro de decadência. Não era como a vila saudável de Lahan ou a agitação alegre de Aveh; ali, a vida parecia aos poucos estar desistindo de si mesma. Era até compreensível, pensou Fei, que Aveh estivesse levando a melhor sobre Kislev. Estranho era que dependessem da Gebler e, outra vez, Fei perguntou-se como estaria Elly. Ele ainda estava perdido em pensamentos quando um guarda indicou-lhe um prédio que não parecia alto o bastante para uma Arena de Gears, e logo ele viu o por que: a maioria das batalhas ocorria num subterrâneo profundo.
_ Então, isso é a Arena de Batalha...
_ Ou a recepção, para ser exato – corrigiu Citan.
Dois guardas surgiram à frente deles, prenunciando a chegada de Rue Cohen, que lhes deu as boas vindas.
_ Bem vindo à Arena de Batalha, Fei, senhor... Há alguns dias atrás – ela comentou, dúbia – você era irredutível sobre não pilotar Gears... Aconteceu algo nos últimos dias para que mudasse tanto de idéia?
_ Viver o resto da minha vida com monstros de esgoto não é tão ruim – retorquiu Fei – É só que... Bem... Há muitos fatores. E tem este colar! Atrapalha demais!
_ Seu colar...? Hahahamm... Você é divertido. Que seja, está buscando pela vitória, mesmo sendo sua primeira vez na Arena? – ela pareceu surpresa.
_ É tão estranho assim?
_ Não, não, não tanto... Por favor, me perdoe. Você parece ter muita confiança em lutar com Gears... Estou ansiosa aguardando... Ooops, desculpe! Bem... Acho melhor mostrar-lhe logo as cocheiras... Não temos muito tempo.
_ ...‘Cocheiras’?
_ Ora, está pensando que vai lutar em carne e osso? Hahahamm, não que eu não quisesse ver isso, mas... Já dissemos antes que o comitê prepararia uma máquina para você... Se esqueceu?
_ Não... Não, claro. E, sobre o Gear que eu vou pilotar...
_ Bem, basta me seguir.
Aquilo era cansativo e inútil e Fei ficou feliz por finalmente seguir Miss Cohen até os hangares de Gears. Ele e Citan trocaram um olhar, no entanto; pouco antes, ela quase deixara escapar algo importante ao que parecia. Mas seus pensamentos foram interrompidos pela surpresa sem precedentes que teve ao entrar, pois o Gear preparado para ele era um Gear negro, de modelo único, que ele já conhecia muito bem.
_ Mas este é...!
_ Ora... Eis uma reviravolta inesperada nos eventos – Citan ajeitou os óculos sobre o rosto – Ainda assim, não é de todo inesperado. Estou apenas presumindo, mas creio que tenham fornecido Weltall a você intencionalmente para coletar alguns dados.
_ Intencionalmente?
_ A batalha, em si, serve como um dos planos de Kislev. Através da batalha, eles podem obter variados dados de combate e Lutadores de talento para serem usados pelo exército.
Fei voltou-se para o Gear que, quisesse ou não, estava sempre consigo e perguntou-se em voz alta:
_ Exatamente que espécie de dados poderiam conseguir dele e de mim...?
_ Eu não saberia dizer – respondeu Citan – mas posso garantir a você que isso tem algo a ver com aquele incidente com Aveh. Seja como for, não importando o que o império pretenda, isso é bom para nós. Você será capaz de usar o Gear com o qual está mais acostumado. Se pensar desta forma, isso só fortalece as nossas chances de fugir.
Contra isso Fei não podia argumentar, e resolveu fazer o reconhecimento das condições de combate na Arena de Batalha; dois Gears, ou por vezes um Gear e um monstro à altura tinham um terreno amplo num pátio aberto, preparado especialmente para as lutas. Havia montanhas, lagos e áreas desérticas ou gramadas. Igualando as condições entre os diferentes Gears, o único armamento de longa distância permitido era a assim chamada ‘Bala de Ether’, disparos de energia Ether teleguiados de médio alcance. Os pilotos deviam derrotar seus oponentes em combate corpo a corpo, mas também deviam ficar atentos às condições do Gear. Movimentos extras, como as Balas de Ether e os movimentos em velocidade Turbo causavam superaquecimento prematuro, o que imobilizava o Gear até o resfriamento, fazendo de qualquer lutador um alvo fácil. E o primeiro combate de Fei foi contra um Gear chamado Ganador, semelhante a um cavaleiro medieval com espada e escudo, cujo piloto era ninguém menos que Leonardo, do bando de Rico.
Assim que o combate começou, no entanto, Fei logo mostrou sua superioridade, mesmo levando desvantagem em tempo de experiência naquele tipo de batalha. Ganador protegeu-se atrás do escudo para atacar com a espada, mas Weltall recuou com um salto amplo e revidou com uma Bala de Ether, atingindo o escudo do oponente com um solavanco.
_ Hnf! Forte...
Leonardo procurou pelos monitores por sinais do oponente, quando sentiu, mais do que encontrou, Weltall posicionado à sua direita, fora da cobertura do escudo e um instante mais veloz do que sua espada poderia atacar. O primeiro golpe do punho direito jogou longe a sua espada; o punho esquerdo atingiu em cheio sua cabeça; um chute, outro, um derradeiro golpe do punho direito e Ganador rolou pelo solo arenoso, muito danificado logo no início do combate.
_ Hm! Nada mal. Seja do seu jeito então – rosnou Leonardo pelo comunicador – Acabou a brincadeira! Vamos falar sério...
Foi quando Fei notou alguma irregularidade em seu painel de controle. Alarmado, ele viu que os sensores de temperatura haviam enlouquecido, acusando um aumento irracional do calor interno.
_ Hmm? O que está havendo? O meu Gear está...
Diversas explosões internas se sucederam, tirando Fei e Weltall da competição de forma inesperada, com a vitória praticamente ganha. Leonardo e os demais Lutadores de Rico, desejosos de se vingarem de Fei pelas derrotas durante sua ‘cerimônia de batismo’, haviam sabotado o sistema de resfriamento de Weltall, e ele por pouco não foi morto por uma falha mecânica ‘acidental’. Encaminhado para a enfermaria do Bloco D, Fei ficou inconsciente por toda a noite, embora pouco descanso houvesse nisso. Mesmo adormecido, ele se revirou em delírio com sonhos impossíveis, enquanto o calor parecia queima-lo mesmo ali.
Esgotos de Kislev. Criaturas perigosas, muito piores do que qualquer monstro de fora da cidade, habitavam o intrincado sistema de escoamento de Nortune. Lutadores costumavam descer ali para derrotar monstros e conseguir dinheiro pelos seus despojos, havendo muitas guildas pagantes para tais artigos, principalmente ali, no Bloco D. Nas semanas mais recentes, boatos haviam se espalhado falando de um novo tipo de monstro, maior e mais poderoso do que os demais, e mesmo a maioria dos Lutadores se mantivera fora do esgoto desde então. Naquela noite, Leonardo e Heinreich haviam descido até lá por ordem de Rico, e o primeiro ainda se gabava do acontecido na Arena.
_ Heh, heh... Asno... Provavelmente ele está de cama agora.
_ Num foi demais, não? – perguntou Heinreich – Se o Campeão descobre, a gente já era!
_ Hmph, eu não ligo! Vamos só terminar logo isso e ir embora. A noite tá estranha hoje. Os ratos estão inquietos.
_ Quê? – Heinreich duvidou – Nem parece você... Tá bom, então vai pr’aquele lado...
E Heinreich desceu para a ala sul do sistema de esgotos, deixando a norte para Leonardo, que olhou instintivamente para os lados.
_ Oh, cara, isso é ruim... Cada cabelo da minha nuca tá de pé. Tem alguma coisa esquisita por aqui...
Heinreich cruzou uma das inúmeras pontes, próxima a um cano de despejo, passando de um lado a outro do escoamento e parou de repente, voltando-se. Sons estranhos eram comuns ali, mas não fora um som diferente que chamara sua atenção. Por tensos segundos, em meio ao mau cheiro e à semi-escuridão que as luzes de manutenção não ajudavam a espantar, ele aguardou e aguardou, mas nem mesmo um rato apareceu.
_ Hmm... Deve ser só a minha imaginação.
(Tudo o que não estava em trevas estava vermelho em sua visão, e ele sentia a presença próxima. Saiu de uma curva e viu o alvo mais à frente, numa distância razoável, fácil de cobrir depressa... e avançou)
Heinreich nunca soube exatamente o que acontecera. Ainda caminhava na direção do ponto de encontro, esperando encontrar Leonardo, quando pareceu notar que não estava só.
_ O quê?
Leonardo procurara com muito má vontade pelo tão falado morador do esgoto e, não tendo achado nem mesmo ratos, foi até a entrada para encontrar-se com Heinreich. Nunca admitiria, mas estava tremendamente assustado. O que podia fazer até mesmo os ratos desaparecerem do esgoto? Ele não sabia, mas dava asas à sua imaginação, e não de forma favorável. Ainda estava chegando lá quando ouviu um som de passos e disse, aborrecido:
_ Tch! Então saiu, hein?
(Outro som de movimento. Estava fácil, naquela noite. Saindo de trás da esquina, ‘ele’ pôde ver outro deles à sua frente, tendo acabado de sair de uma das pontes)
Leonardo não reconheceu a forma vermelha que surgiu de repente, mas teve duas certezas imediatas: primeiro, não era Heinreich, de forma alguma; segundo, não era amistoso.
_ O que pode...?
A coisa avançou depressa, visão vermelha e uma velocidade impressionante, e o Lutador instintivamente soube que não podia enfrenta-lo. Voltou-se e começou a correr para a saída, tão próxima e tão distante ao mesmo tempo, enquanto algo parecido com riso chegou aos seus ouvidos, tão mais próximo...!
_ Saco, esse monstro está...!
Cruzou uma das pontes quase que num salto e voltou-se. O monstro já estava sobre ele, do outro lado da ponte, e ele sabia que só precisava dar suas costas para ser morto. Recuando devagar, sem tirar os olhos da criatura vermelha, ele estendeu as mãos para se defender, mais parecendo uma súplica.
_ F... Fique longe...
Um mostrar de dentes que parecia um sorriso foi a única resposta, e a coisa avançou. Leonardo deu as costas para correr, e sentiu que as duas garras do monstro penetravam suas costas, ao mesmo tempo em que seu coração explodia e respirar se tornava impossível.

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