domingo, março 22

Capítulo Quatorze!

Salve gente que lê! Salve, gente que está aí! E... tá, salvem os outros, também. Saudações dominicanas do Louco!

E vamos nós com Xenogears. Fei acabou tendo o traseiro chutado pelo Rico, mas vamos dar um desconto, o cara tinha acabado de acordar, e ainda detonou três Lutadores de Kislev... Não, espera, foram quatro com a Suzarn... Ah, bem, vocês entenderam. E agora, saibamos o que era a 'outra coisa'...

Capítulo 14: Amigos de ontem e de hoje

  Fei despertou devagar, deitado outra vez na enfermaria. Estava dolorido demais e não percebeu na hora, mas havia em volta do seu pescoço um colar alaranjado de metal da mesma espécie que o que vira antes em Rico. Olhando em volta, sua primeira pergunta foi:
_ Uhhhh...? Onde eu estou desta vez?
_ No mesmo lugar, só numa sala diferente – respondeu uma voz familiar – Você teve um dia difícil, hein?
Era a mesma doutora que o atendera antes. Endireitando-se na cama e sentindo a cabeça doer mais com o movimento, Fei perguntou:
_ Ah... Oh, é você? Parece que eu precisei da sua ajuda de novo.
_ É, mas não se preocupe. Eu não me importo – é o meu trabalho! E de qualquer forma, como se sente?
_ Hm? Aaah... Meio dolorido, mas não é nada que eu não possa suportar. Ultimamente, tenho me acostumado a esse tipo de coisa. Aaah...! A última coisa de que me lembro foram aqueles caras falando de que ‘nível’ eles acharam que eu era digno.
_ Ah, acho que é melhor se eu te disser...
_ O quê? Sabe de que posição eu sou?
_ Você é um bocado forte, não é? Derrotar quatro pessoas nas suas condições... Não me admira que tenham te dado nível A! Mas ir contra o Campeão...? É surpreendente que tenha conseguido voltar vivo!
_ A luta foi sem sentido. Eu não tinha razão pra... Eu não queria lutar...
Lutar não o havia levado muito longe, ele pensou. Lahan primeiro, e agora... Ele não conseguia se lembrar do desfecho da luta no deserto. A partir do ponto em que os homens do general Maitreya eram derrotados pelo Dora fortalecido e Vanderkaum, tudo era escuridão. E a voz da doutora o chamou:
_ ... O que aconteceu? Você parece um pouco pálido.
_ ... Não é nada... Não se preocupe. Aliás – finalmente notou a peça de metal – O que é essa coisa em volta do meu pescoço?
_ Ah, isso? É uma bomba – ela respondeu simplesmente – No momento em que você deixar a vizinhança da Capital Imperial, esse colar explode. É uma pena, mas enquanto estiver com isso, você nunca será capaz de fugir de Nortune. Fora os civis do Bloco D e alguns poucos Lutadores, todos têm que usa-los... Aqui, no Bloco D – ela deu as costas a Fei – este é o único elo que prende os prisioneiros.
_ Uma bomba...? – o olhar de Fei pareceu perdido – Então, não importa o quanto eu lute, nunca vou fugir daqui.
_ De qualquer modo, você deveria tentar descansar um pouco hoje. Vai ter que se acostumar à vida nesta cidade em breve.
Fei resolveu aceitar o conselho, até porque ainda estava abatido depois da luta. Aquela idéia de dormir com uma bomba ao redor do seu pescoço incomodava, mas não havia muito que ele pudesse fazer – então, o melhor era dormir.
No dia seguinte, Fei Fong Wong resolveu conhecer o Bloco D da Capital Imperial de Nortune. De fato, parecia-se com uma cidade para criminosos. Não havia, no Bloco D, a alegria de vida e o barulho tradicional que ele encontrara em Bledavik e Dazil; havia muitas pessoas ali, claro, mas as casas tinham um aspecto surrado, não se viam crianças nas ruas e tudo tinha um aspecto sombrio, como se fosse um imenso ferro-velho ou favela. Meio que andando a esmo, Fei acabou entrando num lugar menos escuro, com luzes de neon na entrada, e alguém chamou sua atenção assim que ele entrou. Dirigindo-se diretamente a Fei, um homem rato com roupas de mecânico, um colar metálico igual ao seu e óculos imediatamente veio até ele e se apresentou:
_ Ah, então aí está você! Permita que eu me apresente... Me chamam de ‘Hammer – o Fornecedor’. Já faz muito tempo desde que um criminoso tão poderoso foi enviado pra o Bloco D! Heh heh, e isso te deixa muito famoso nesta cidade. Em outras palavras, você hoje é o centro das atenções, Mano!
_ ... Quer parar de me chamar de ‘Mano’? – perguntou o rapaz, incomodado com os modos e a intimidade do outro – Meu nome é Fei!
_ E o que há de mais nisso? – Hammer não parecia ter entendido – Não é como se eu estivesse te rebaixando. O quê, cê preferia que eu te chamasse de ‘senhor’ ou coisa parecida?
_ Ah... Faça como quiser! – “Não tem outro jeito mesmo!”, Fei pensou, dando de ombros. Não estava com muito ânimo para discutir.
_ Então, tá decidido: vou continuar te chamando de Mano daqui por diante! Aliás, Mano, ouvi dizer que você é forte pra valer. Não tem muita gente que consiga nível A, sabia? Tô muito impressionado! E... mais, Mano, você parece diferente dos outros prisioneiros.
_ Diferente, hein...? – olhou Hammer de alto a baixo, com um olhar inexpressivo – Você também não parece muito normal.
_ Ei, isso não foi um insulto... Só uma impressão que eu tive. Não tem nenhum sentido oculto! Ah, e se tiver qualquer problema, fale comigo! Já que eu sou um fornecedor, eu tenho todas as conexões!
Fei se perguntava o que havia feito para se tornar tão popular e tão depressa em Nortune, mas afinal, havia tempo para isso. Saiu do bar, então, um pouco incomodado com a sensação de que todos lá dentro olhavam para ele, e ainda não tinha dado dez passos para fora quando um guarda nas ruas o parou e disse:
_ Ei, você não é o novo sujeito? O Comitê Imperial está procurando por você. Eles ouviram algo sobre você e os homens do Campeão... Ainda devem estar em algum lugar do Bloco D. Eles decidiram te visitar... É uma boa chance pra um prisioneiro como você!
Apesar de não fazer idéia do que era um ‘Comitê Imperial’, ou do porquê de o estarem procurando, Fei achou que era melhor encontra-los de uma vez. Procurando pelas ruas, ele não viu nada nem ninguém que lembrasse um representante do império e acabou voltando aos seus aposentos – seria um bom lugar para encontrar alguém ou ser encontrado. No entanto, não havia ninguém especial à vista por lá, tampouco.
_ Também não estão aqui... Será que já partiram?
Mal se perguntara em voz alta, dois soldados com o uniforme azul de Kislev surgiram, seguidos por uma mulher de aspecto importante que imediatamente se dirigiu a ele.
_ Então, finalmente eu consegui encontra-lo. Você é Fei, certo? E...
Os dois guardas continuavam parados diante dela, olhando para Fei com ar ausente, o que tornava o diálogo entre ela e o rapaz um tanto mais difícil, além de reafirmar sua impressão de que seus dois guardas eram dois idiotas.
_ Saiam do caminho!!
Com o susto, ambos se voltaram para ela, murmurando pedidos de desculpas e abriram caminho, enquanto ela resmungava:
_ Vocês homens não têm jeito! É por isso que eu não queria vir com vocês dois! Aham! – dirigiu-se a Fei novamente – Permita que eu me apresente; sou Rue Cohen, do ‘Comitê de Batalha Imperial’ do Bloco B desta, a Capital Imperial.
_ ‘Comitê de Batalha Imperial’? O que querem comigo?
_ Eu vou direto ao ponto. Queremos que participe do Torneio de Batalha.
_ ... Batalha?
_ É um esporte recreacional, onde Gears lutam com outros Gears ou até com monstros, dependendo da programação. Atualmente, não há regras para elegibilidade. E nós, o Comitê, raramente interagimos diretamente com os participantes. Você deveria estar honrado. Teve sorte que aquele pequeno incidente com o Campeão tenha conseguido nossa atenção tão depressa. Bem, e então...? Melhor um Lutador do que um prisioneiro... Não é um trato tão ruim, no final.
_ É verdade... – comentou um dos guardas.
_ É; o trato não é nada ruim...
_ Vocês dois, quietos! – Rue Cohen retrucou – Eu estou falando com ele!
_ Eu sinto muito – Fei acenou negativamente com a cabeça – mas eu não gosto de Gears. Não tenho nenhum interesse em torneios de recreação deste tipo. E, acima de tudo, eu nem sequer tenho um Gear; então, mesmo que eu quisesse participar, não poderia. Vocês estão pedindo demais!
_ É verdade... – concordou o primeiro guarda.
_ É, estamos pedindo demais!
_ Psssiu, fiquem quietos eu já disse! – bronqueou Rue, conseguindo mais pedidos de desculpas dos soldados e voltando-se para Fei novamente – Hmm, me desculpe... Mas não se preocupe com o último problema. O Gear de que precisa para a batalha será providenciado pelo Comitê. E então, vai participar?
_ Não me faça repetir – tornou Fei – Eu odeio Gears e não estou interessado neste tipo de coisa!
Rue obviamente não esperava aquela resposta, nem naquele lugar, e muito menos de um prisioneiro como Fei.
_ Se não mudar de idéia, então você vai...! – mas ela controlou-se no fim, parecendo recuperar a calma, e deu de ombros – Bem, você ainda é novo aqui. Eu vou te dar mais tempo. Talvez tenhamos sido apressados demais... Mas, por favor, pense seriamente nessa oferta. Eu vou ficar esperando por uma resposta favorável. Bem então... Espero vê-lo de novo em breve.
E abriu caminho, saindo acompanhada por seus guardas. Fei a viu sair e comentou para si mesmo:
_ Gears, hein?
Aquilo era fora de propósito; ele, outra vez em um Gear! Resolveu sair novamente, mas mal o fizera, deu de cara com um apalermado Hammer diante de si.
_ Whoa! Ha, Hammer?!
_ Mas por que cê fez isso, Mano?
_ Isso? – o homem rato parecia desconsolado, balançando negativamente a cabeça, e Fei ficou confuso – Espera aí, Hammer, do quê está falando?
_ Eu ouvi toda a história com os meus próprios ouvidos! Por que rejeitou o convite deles? É uma ocasião realmente rara o Comitê vir pessoalmente fazer contato! Ainda não é tarde demais! Vai nessa, Mano! Ainda podemos conseguir, certo? Você vai ser um Lutador... Um Lutador!!
_ Ah, isso... Se ouviu a conversa, já deve saber. Eu não gosto de lutar. E Gears, bem...! Mais ainda, não tem razão para eu fazer isso.
_ Se virar um Lutador – enfatizou Hammer – você pode deixar a prisão e viver no luxo! O poder é tudo aqui! Os sem poder... Os fracos são simplesmente oprimidos! Então vai lá, faz uma tentativa!
_ É só isso? – perguntou Fei de cabeça baixa.
_ Hã? O que quer dizer?
_ Já terminou?
_ Terminei?
_ Você já falou o bastante... Agora, poderia sair do caminho? Hammer, eu sinto muito, mas duvido que meus sentimentos vão mudar. Lutar e Gears, eu odeio os dois. Então, lamento!
_ Ô, Mano... – lamentou Hammer enquanto Fei saía.
Ao menos, agora não havia mais ninguém à sua procura, pensou o rapaz ao voltar para as ruas. Já que seu tempo agora estava livre, gostaria de saber da doutora o que um sujeito poderia fazer ali no Bloco D para se ocupar, e resolveu voltar para a ala médica. Mal entrara no prédio quando, da porta oposta do salão, Hammer entrou correndo e gritando:
_ Mano, eu tenho novidades! Novidades! O novo médico que foi indicado hoje acabou de chegar!
_ Hammer – Fei olhou para trás, surpreso, e voltou a olhar para o outro – Você não devia estar lá atrás...?
_ Ah, Mano, não devia se preocupar com esses detalhes à toa! Se você apenas confiar em mim, o líder da informação, vai saber de tudo! Agora, quanto a este doutor...
_ Quanto a que doutor?
_ O quê? Você não soube, Mano? A moça doutora anterior foi transferida pra tomar conta do setor civil da cidade! Deixa a gente com inveja, né! Então, arrumamos um novo doutor pra tomar conta do Bloco D. Disseram que ele já chegou aqui!
_ O novo doutor, hein...? E então, o que raios esse novo doutor tem a ver com você, o ‘grande Fornecedor’?
_ Do que é que cê tá falando, Mano? É claro que eu tenho tudo a ver com ele! Se eu virar camarada dele, posso expandir minhas conexões estabelecendo rotas de tratamento médico no mercado negro!
_ Então é isso, hein? – Fei pensou consigo mesmo que deveria ter adivinhado; como sempre, era uma questão de lucro para Hammer – O que é que vamos fazer com você, hein Hammer?
_ Tanto faz, Mano, tanto faz! De qualquer forma, vamos lá dizer oi pra ele, vamos?
_ Bem, sim... É, acho que ao menos deveríamos dizer alô.
Os dois desceram até a enfermaria procurando o novo médico, mas uma vez lá embaixo, não puderam ver ninguém. Fei entrou na ala de tratamento olhando em volta e comentando:
_ Você disse que um novo médico tinha vindo... Mas não tem ninguém aqui!
_ Hã? Isso é estranho! – comentou Hammer, ajeitando os óculos sobre os olhos – De acordo com as minhas fontes, ele deveria estar aqui...!
_ Pena que ele não esteja aqui, hein Hammer? – Fei perguntou com ironia – Parece que você vai ter que esquecer sobre aquele mercado negro de tratamento médico que estava...
Foi quando o som de uma porta abrindo se fez presente. Os dois se voltaram e Hammer comentou:
_ Uma porta se abrindo! Parece que o novo doutor estava na sala ao lado!
Sim, estava, e ele entrou ao ouvir vozes em sua enfermaria. O novo médico tinha cabelos negros longos presos, se vestia de verde e usava óculos de quatro lentes. Mais ainda, era alguém familiar para Fei.
_ D-D-Doc? Citan? O que está fazendo aqui?!

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