sábado, janeiro 17

Capítulo Onze!

Ainda aqui, pessoas e pessoinhas! Querendo compensar por quase perder o prazo semana passada, eis aqui o velho Louco (da taverna) com um episódio novinho em folha de 'Xenogears'!

Véspera do grande ataque. O que passa na cabeça de todo mundo, enquanto a hora do 'vamo ver' se aproxima? Alguém aí com saudades da Elly? Do Ramsus?... Sério, dá pra sentir saudades daquele mala...?

Tá bom, tá bom, sem opiniões pessoais; andemos com o capítulo!

Capítulo 11 – Recapturar Aveh

O dia começou para o grupo antes de começar para o sol, e foi com surpresa que eles viram a porta se abrir e Margie entrar, tão cedo.
_ Bom dia! Por que o rosto preocupado? Não está se sentindo bem?
Estava cercando Bart com perguntas, e isso não estava colaborando nada para acalmar a apreensão dele com a batalha que viria.
_ Ou está se sentindo triste por dizer adeus? Ou talvez só esteja nervoso?
_ Fica quieta, idiota! Não me amola!
Margie riu à vontade, tendo tirado Bart do sério. Ela mesma ficou séria depois, no entanto, ainda olhando para ele.
_ Bem... Já é quase hora.
_ É, é sim – voltou-se para os outros – Vamos nessa, pessoal.
Enquanto o grupo da Yggdrasil voltava para bordo, Sigurd avisou:
_ Nossos camaradas de Nisan vão atacar a guarda do oeste em uniformes de Kislev como planejado. Vamos esperar pelo momento certo e então seguir para o palácio na Yggdrasil.
_ Entendido, mas evitem qualquer morte desnecessária. Isso vale especialmente pra as tropas de Aveh e também pro pessoal da Gebler – lembrou Bart, com um sinal de concordância de Sigurd. Batendo as mãos uma na outra, Fei disse:
_ Acho que eu vou causar um pouco com meu Weltall, então.
Fei e Bart bateram os punhos, em concordância e despedida. Margie se aproximou deles já nas portas da Yggdrasil e comentou:
_ Na próxima vez em que nos encontrarmos, Bart, eu não vou conseguir chamar você pelo nome, ou de ‘jovem mestre’. Que tal, ‘Sua Majestade’...?
_ Corta essa! Bart já está ótimo... ‘Grande Madre de Nisan’!
_ Ei...! Você sabe que eu detesto esse título!
_ Tá certo, tá certo! – ele riu – De qualquer forma, estamos indo.
_ Tá bem. Boa sorte.
A Yggdrasil deixou a doca sob os olhares de Margie e Agnes, e a freira mais velha comentou em voz alta, meio que para si mesma:
_ Marguerite e Bartholomew... Ver vocês dois juntos renova as minhas esperanças.
Margie voltou-se para Agnes, que continuou observando a Yggdrasil enquanto comentava:
_ Muito antes dos Fatimas de Aveh serem chamados Fatima, os irmãos reais e suas esposas contemplaram muitos reinos ou eras prósperas. Eu estou aguardando pelo dia em que a Grande Madre da Seita de Nisan tomará seu lugar no trono como esposa de Bartholomew.
_ O quê?! – Margie exclamou, surpresa e tremendamente encabulada – Ei, espera aí! Eu odeio falar de rainhas e romance...! Bart e eu somos bons amigos!
_ Mas Margie – riu Agnes – o casamento ‘é’ a melhor amizade.
E a freira saiu lentamente, ainda rindo e comentando para si mesma:
_ Bem, Marguerite, da forma como está amadurecendo para se tornar uma linda mulher, eu não acho que Bart será capaz de ignorar você por muito mais tempo.
_ Pára com isso; está me envergonhando!
E seguiu atrás de Agnes, o rosto ainda afogueado. Enquanto isso, na Yggdrasil, Fei e o esquadrão do General Maitreya estavam a postos no hangar de Gears, preparando-se para a partida sob os olhares de Bart, Sigurd e Citan. Maitreya estava avisando que seu esquadrão partiria logo para evitar a detecção.
_ Vamos nos encontrar nas Rochosas da Fronteira amanhã às 1200, entendido?
_ Sim senhor!
Os membros do esquadrão pareciam um pouco animados demais e Bart achou melhor lembrar:
_ Apesar da nave de guerra estar ultrapassada, vocês vão numa unidade pequena. Vai ser uma luta dura, mas vocês podem mudar o futuro de Aveh. Estou contando com todos.
_ Deixe isso conosco, jovem mestre! – respondeu Maitreya – Vamos puxar a cauda de Vanderkaum de um lado pro outro! Certo filho?
_ ... Não me chame de ‘filho’ – respondeu Fei – Que com certeza você não é o meu velho.
Com risos e a promessa de ser úteis na batalha, Maitreya e sua unidade despediram-se de seu jovem mestre. Fei e Bart se encararam por algum tempo e depois Fei acenou com a cabeça, voltando-se e indo para a cabine de Weltall. Mas Bart ainda disse:
_ Fei, é esquisito que eu diga isso, já que fui eu quem te fez se envolver, mas... Se cuida, tá?
_ Você também.
_ Se... alguma coisa acontecer comigo... – o tom de sua voz fez Fei voltar-se por um momento, vendo a fisionomia grave tão incomum em Bart – toma conta da Margie e deles pra mim.
Fei voltou suas costas novamente para o outro, sentindo o peso da possibilidade incomodá-lo, mas respondeu de forma indiferente:
_ Não seja idiota! Isso não parece com você. Mas... Eu cuido deles. Não se preocupe.
E desta vez ele partiu, juntamente com a unidade de Maitreya, seguindo pelo calor do deserto rumo às montanhas na fronteira. A batalha se daria no dia seguinte.
Naquela noite, sob a luz da lua dourada, a Yggdrasil seguiu pelo deserto rumo à sua posição, próxima a Bledavik. Citan desceu à sala de reuniões do cruzador e encontrou lá o Velho Maison, que pareceu apreciar a oportunidade para uma conversa.
_ Enfim, estamos partindo para Bledavik. Apesar de ser o príncipe, nosso jovem mestre não conhece muito bem a Capital Real. Eu sempre vi isso como algo lamentável. Fiz o meu melhor para educa-lo como o Príncipe Coroado. No entanto – e pareceu mais preocupado – lembrando disso agora, eu forcei os “fardos da realeza” depressa demais sobre ele... e pode ter sido demais para uma criança com um futuro como o dele lidar... Eu devo ter sido o mais terrível de todos os mentores!
_ Meu caro Lorde Maison... Eu dificilmente concordaria com isso! O jovem teria assumido o fardo por si mesmo e talvez o jogasse fora se não quisesse mais suporta-lo. Ele é um grande homem agora... Muito capaz de lidar com tais fardos e pressões. E eu acredito que vocês sejam aqueles que deram a ele a força para fazê-lo.
Faltaram palavras a Maison, mas o tremor em suas mãos e seus olhos baixos eram indicações suficientes do quanto ele estava grato pelas palavras de Citan, que meramente sorriu e tomou mais um gole de chá.
Sigurd e Bart estavam no convés da Yggdrasil, que corria pela noite no deserto sobre a superfície, enquanto capitão e imediato contemplavam o luar vermelho. A fisionomia incomumente séria do jovem mestre causou curiosidade a Sigurd, que perguntou:
_ Por que um rosto tão sombrio? Amanhã será nosso primeiro retorno ao seu castelo em doze anos.
_ Voltar ao castelo... Depois de conseguirmos o palácio real de volta, acho que vou ter que ser o rei... Eu não sou muito apropriado pra isso, sou?
_ Você se acostuma.
A lua parecia maior sobre o deserto, refletindo a cor das areias, e Bart comentou inquieto:
_ Escuta, Sig...
_ Sim?
_ Eu acho que... não faz mesmo diferença quem é o rei, faz? Enquanto ele for um símbolo de esperança, certo? Não tem que ser eu.
E Sigurd entendeu os sentimentos de Bart. Ele sentia medo de perder a liberdade e a mobilidade que tinha ali, no deserto, e de ficar para sempre confinado no palácio como o rei. Ao invés de uma resposta direta, o imediato de cabelos brancos disse:
_ Eu fui seqüestrado por Solaris e sofri lavagem cerebral para uso como uma cobaia humana – voltou-se para Bart – Mas mesmo eles não puderam apagar meu desejo de voltar para casa. Então, me lembrei de você e Marguerite, não como a realeza do nosso país, mas apenas como crianças normais. Eu não me importo em reconstruir uma dinastia. Quero recuperar este reino porque ele pertence a você... Porque é o seu lar!
_ Porque é o meu lar?
_ Sim; por isso, nós devemos derrubar Shakhan amanhã. Estou certo?
Após um instante de hesitação, Bart acenou afirmativamente com a cabeça e sorriu:
_ ... É. Então, vamos fazer isso!!
_ Mas primeiro... – Sigurd olhou para ele com ar crítico – eu acho que você precisa tomar um banho!
_ Um banho?!
_ Você não parece em nada com um rei! Está enfrentando o líder do inimigo... Então, você deve ter uma aparência nobre!
_ Ei, você acabou de dizer que não importa se eu sou ou não um rei!!
_ Aquilo era aquilo, isso já é outra coisa!
Sem ser visto, Citan sorriu diante daquela discussão animada, semelhante à de dois irmãos, e refletiu consigo mesmo:
_ Alguém que esperava por você... Um pensamento foi tudo o que precisou para que recuperasse sua consciência... Você é um grande homem, Sigurd...
A Yggdrasil continuou sua corrida pelo deserto, sob o céu estrelado e a lua dourada de Ignas, que iluminava a noite. E ela também contemplava várias partes daquele mundo. Ao mesmo tempo, poderia estar olhando para a cena no convés do cruzador de areia dos piratas ou através da janela do palácio de Aveh, num quarto especial de hóspedes, onde Kahran Ramsus e Miang dividiam a mesma cama.
Enquanto desperto, o comandante da Gebler podia manter sua atitude altiva e ocultar qualquer sentimento que quisesse. Dormindo, no entanto, estava completamente à mercê de seus demônios interiores, e nesse momento ele se debatia na cama, lembrando.
Em meio às chamas dos incêndios, a figura vestida em negro e vermelho, de cabelos ruivos, fez um gesto e lançou algo semelhante ao Tiro Guiado de Fei, e um Gear tombou. Uma seqüência de golpes, um ‘Senretsu’, e um segundo Gear caiu. Um terceiro chegou a apontar seu rifle na direção do louco, mas ele sorriu de forma cruel e concentrou poder no seu punho, derrubando também este com um Raijin.
E ele voltou-se, zombeteiro, para onde Ramsus e uma coluna de seus tenentes e Gears ainda estavam. O comandante da Gebler estava insuportavelmente consciente das batidas cada vez mais rápidas de seu próprio coração e não percebia a figura sombria envolta num manto negro e com um capacete assustador que contemplava a luta com óbvia satisfação, à distância.
E foi em meio às chamas que aquele Gear terrível finalmente apareceu, como que chamado por seu mestre, enquanto aquele que derrubara sozinho três Gears pareceu incorporar-se à sua máquina cor de sangue. Após um instante de pausa, o Gear vermelho avançou e pareceu meramente passar pelos dois Gears à direita de Ramsus, mas o fato foi que ambos caíram, semidestruídos e sem condições de funcionar. E então Ramsus entendeu a razão do seu temor: seu aliado enlouquecera, pouco se importando com quem atacava. E o poder dele era...!
_ Ele está fora de controle! – gritou ele aos seus tenentes – Detenham-no! Não me importo como vão fazê-lo, apenas detenham-no!
Isso parecia patético, sua voz soando assustada daquele jeito, e o Gear terrível parecia de algum modo se divertir com isso, avançando novamente e fazendo toda a coluna de oficiais desaparecer, derrubando um último Gear mal parecendo toca-lo para depois voltar seu olhar brilhante para Ramsus, que apenas empunhava sua espada, quase sem notar o quanto ela tremia em sua mão.
“I-isso não pode ser...”
Mais dois Gears militares se aproximaram do agressor vermelho, mas nem bem o alcançaram e tombaram para trás, lentos e impotentes demais diante dele. E o Omnigear vermelho avançou até Ramsus, detendo-se diante dele como um arauto do inferno.
_ Ugh! S-socorr...
O som dos jatos do Gear começou a parecer alto demais e ele parecia prestes a atacar quando Ramsus gritou e tudo ficou vermelho...
E a próxima coisa que Kahran Ramsus viu foi que despertara. Estava sentado na cama, ofegante e com seu coração ainda acelerado, mas estava em segurança. O sonho se repetira. Seu coração controlou-se lentamente enquanto Miang também despertou.
_ O que houve? Parece que você acabou de ter um pesadelo... Não foi o mesmo sonho de novo, foi?
_ Não... – mas ele não olhou para ela, ainda procurando diante de si a confirmação de que o demônio não estava ali – Não foi nada.
E saiu da cama, deixando em seguida o quarto, ignorando o chamado de Miang.
Assim que a porta se fechou, no entanto, a atitude preocupada dela pareceu dar vez a um tom brincalhão enquanto ela disse ao quarto ‘vazio’:
_ Ficar espiando não é muito educado, sabia...!?
O ar diante dela torceu-se numa onda negra e a forma sinistra de Grahf materializou-se diante de Miang. Ainda rindo de forma despreocupada, ela disse:
_ Vi o garoto a quem procura, lutando no Torneio. Eu pude dizer com certeza. Ele se parece muito com você.
_ Você usou a influência do Ministério para se aproximar daquele homem – retrucou o encapuzado, ignorando os comentários dela – Não sei o que está pretendendo, mas não ouse nem pensar em planejar contra mim. Fique fora disto!
E o ar se distorceu novamente, e Grahf desapareceu. E, como antes, Miang não pareceu nem um pouco impressionada.
_ Ah, vejo que as notícias já te alcançaram... Como sempre, você é o primeiro a ouvir sobre tudo. Mas não se preocupe... Não vou roubar ‘seu bem mais precioso’. Eu vou colaborar. Além disso, você e eu fizemos um longo caminho...
A manhã começou cedo na Yggdrasil e já encontrou Bart, Citan, Sigurd e Maison próximos ao timão. Talvez por causa da tensão do que estavam prestes a fazer, todos pareciam incomumente alertas, a ponto de Bart perceber seu operador de som reagir a algo.
_ O que foi, Franz?
_ Não... Por um momento, achei que havia captado alguns sons não naturais...
_ Estamos próximos da capital – Bart respondeu – Provavelmente é só algum tipo de navio de lá.
_ Mas não é da superfície... Veio de baixo da areia!
_ De baixo...? – perguntou Bart, incrédulo – Este é o único cruzador de areia de toda Aveh!
_ Não ouvimos nada sobre uma nova nave nem mesmo dos espiões no Quartel Naval de Aveh – apoiou Sigurd – Franz, pode tentar outra vez e confirmar o que é?
_ Não consigo pega-lo de novo – respondeu Franz depois de algumas tentativas – Pode ter sido só uma baleia da areia...
_ Jovem mestre! – interrompeu o oficial de comunicações – Estou detectando um aumento no uso da Faixa F! É a freqüência da força de defesa da Capital Real!
_ Aí... Na superfície! – exclamou Franz – Estou detectando sons de âncoras sendo içadas e motores sendo ativados! A frota de defesa da Capital Real deve estar partindo.
_ Também interceptamos uma transmissão da patrulha na fronteira com Kislev! Estão requisitando apoio imediato da Capital Real! Parece que nós lançamos mesmo um inferno na fronteira!
_ Tá certo, vamos começar! – comandou Bart – Preparar os botes! Quando formos à terra, escondam a nave!
Sigurd, Bart e Citan tomaram o rumo da saída, mas Maison deteve o rapaz pelo braço com uma expressão preocupada:
_ J-jovem mestre, eu tenho um terrível pressentimento sobre isso... Seja muito cuidadoso!
_ Tá tudo bem, Velho Maison.
Enquanto eles deixavam a ponte de comando da Yggdrasil, um grupo de pilotos da Gebler preparava-se para deixar o hangar em Aveh e conhecia seu novo oficial comandante. Ou melhor, a nova oficial. E Elly Van Houten conhecia seu novo esquadrão.
_ O quê? – perguntou Renk – Essa garotinha é a nossa oficial comandante?
_ Diz-se que ela é da elite recém-saída de Jugend – comentou Broyer, e Stratski emendou:
_ Ela voltou só da operação de infiltração de Kislev.
_ E de ‘mãos vazias’, pelo que ouvi! – acrescentou acidamente Helmholz – Sem lembranças para o Comandante, hein?
_ É, e que carinha bonita! – admirou Renk – Ela não faz o tipo do soldado.
_ Vocês aí! – ela lembrara-se do comentário de Fei dizendo que ela não pertencia àquele lugar e isso a irritou ainda mais do que o descaso de seus novos comandados – É assim que se dirigem a um oficial superior? Lembrem-se do seu rank!
_ Ah, que medo! – retrucou Renk.
_ Não ligamos muito para rank – disse Vance com ar insolente – E não ligamos muito pro Renk, também! Mas só porque é bonita não quer dizer que pode ser tão metida!
_ Hah! Esse otário tá com ciúmes! – riu Broyer.
_ O que? Eu sou muito mais bonito! – respondeu Vance – Ia ficar com ciúmes do quê?
_ Ô, faz esse esquisitão ficar quieto! – pediu Stratski, enquanto o grupo se dirigia aos seus respectivos Gears – Ele me dá calafrios!
_ E é assim que é... – resumiu Renk, como sempre fazendo sua a voz de todos – Então, não se meta no nosso caminho, ‘Senhorita Tenente’.
Elly sentiu que a missão já estava começando mal, e não fez mais qualquer comentário. Os cinco cavaleiros observaram enquanto ela dirigia-se para um novo Gear branco e rosado, Renk indicando nova máquina.
_ De qualquer modo, vamos esperar pra ver essa coisa em ação. Não dá pra dizer o que faz só de olhar pra ela.
_ Que espécie de máquina é essa? – perguntou Stratski, admirado – Eu nunca vi destas antes.
_ É um novo modelo de Gear chamado Vierge, pra uso exclusivo de oficiais – informou Renk – Dizem que pessoas com poder mental normal não conseguem operá-lo.
_ Então, ela ainda é uma ‘Jugend’ apesar de não ter habilidade? – perguntou Stratski.
_ Hah, parece que vai ser divertido! – Vance comentou animadamente – Vamos ver o que ela sabe fazer!

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