E, apesar dos pesares e de finalmente ter atrasado mesmo a entrega, eis aqui a parte final do capítulo dez! Bart tem que lidar com o fato de que não sabia tudo a respeito do seu imediato Sig, mas e daí? Agora, vamos colocar os pingos nos 'I's e, já que Margie tá a salvo... o que fazer em seguida?
Amplexos do Louco, e boa semana!
(...)
Fei saiu em seguida, encontrando
Bart numa passarela de Nisan, pensativo. Pondo a mão em seu ombro, ele
perguntou:
_ Você está bem, Bart?
_ É, acho que sim – mas
continuava olhando para frente – Eu não tinha idéia de que Sig tivesse um
passado desses...
_ Ainda está desconfiado dele?
_ Bom... Quero dizer... Foi tão
repentino. Acho que eu esperava ouvir alguma coisa diferente... Como que nós
fomos rivais na infância, ou coisa parecida. Mas isso nem se compara à história
que ele acabou de nos contar, né?
_ Então, ouvir a história dele
confundiu você porque não era tão simples.
Citan chegou logo e juntou-se aos
dois – Houve um tempo em que ele esteve cooperando com um dos generais da
Gebler. E mais, Solaris era uma terra da qual você sequer havia ouvido falar.
_ Ei, o que você tá querendo
dizer?
_ Não, não estou querendo dizer
nada, nem culpando você por nada. O que estou dizendo é isso: se pensar em como
ele se sente, então vai entender porque ele não podia falar sobre isso com você
até agora. Olhando para as atividades de Solaris em relação aos outros países
até então, percebe-se que não era nada além de simples manutenção do seu
próprio império, ou ‘autopreservação’. E, como você viu, o poder militar deles
é imenso. Então provavelmente Sigurd estava pensando adiante.
“Ele provavelmente estava se
concentrando em dar conta dos problemas aqui, no continente de Ignas, primeiro.
Uma vez que as coisas estivessem em ordem por aqui, isso daria a ele uma
fundação mais forte para lidar depois com Solaris, o que é um plano bem melhor
do que correr diretamente para uma guerra que ele sabia que não poderia vencer.
Muito lógico, na verdade.”
_ Parece que vocês entendem um ao
outro muito bem – comentou Bart, ainda olhando para frente.
_ Bem, nós não somos exatamente
desconhecidos, não? – Citan deu de ombros – E nós costumávamos conversar sobre
várias coisas até decidirmos fugir de Solaris.
_ Falando nisso... Por que vocês
fugiram? Aquele sujeito, Ramsus, deveria ser uma ‘Estrela da Esperança’ ou
coisa assim, não devia?
_ Sim, eu certamente pensava
assim no início. Mas então percebi que o modo de pensar dele realmente não era
uma grande mudança no sistema prévio. Basicamente, a única diferença era que
eles ignoravam a posição e classe da pessoa, ou sua habilidade. As palavras
haviam mudado, mas ainda não havia diferença do que Solaris havia feito até
então. Ele não tinha nenhuma intenção de trazer a todos um modo de vida melhor.
_ Em outras palavras, ele é um
elitista – Bart cruzou os braços, parecendo aborrecido – Acho que não gosto
muito dele.
Fizeram silêncio por algum tempo
então, perdidos nos próprios pensamentos. Por fim, Bart perguntou:
_ E então, Citan... Acha que eu
consigo vencer a Gebler?
_ Por quê? – Citan voltou-se para
ele – Está planejando enfrenta-los?
_ Enquanto estiverem trabalhando
com Shakhan, não há como evitar isso. Da forma que as coisas vão, eu tenho
certeza de que vamos ter que lutar com eles mais cedo ou mais tarde.
_ Hmmm... Imagino que sim, mas...
Mesmo que derrotássemos as forças Gebler aqui, ainda há Solaris para se lidar.
Se não formos cuidadosos, é possível que nos envolvamos com uma guerra muito
mais longa do que essa com Shakhan. Não concorda que continuar da forma em que
está é muito mais difícil para todos? Eu acho que é hora de tentarmos conseguir
a ajuda de um número maior de pessoas.
_ Então, derrotar Shakhan não vai
dar cabo daqueles tipos da Gebler – voltou-se para Citan – Eu sei o que tá
tentando dizer: “Para que conquistes Gebler, primeiro recupera teu trono!”
Certo?
_ Hmmm... Você poderia dizer
assim.
_ Como assim, ‘poderia’? Mas,
mesmo assim, talvez seja hora de eu fazer algo sobre isso.
Retornaram então até a casa de
reuniões da cidade e encontraram Maison e Sigurd lá, com uma mesa no centro da
sala que Sigurd emprestara na loja de ferramentas.
_ O proprietário da loja disse:
“Se o jovem mestre precisar de qualquer coisa, é só pedir”.
_ Eu fico grato – Bart foi até os
quadros de Nisan na parede dos fundos e comentou, distraído – Quando eu era guri,
costumava emprestar coisas de lá e sempre me metia em apuros.
_ ‘Emprestar’...? – Fei imaginou
se Bart avisava o que estava emprestando e perguntou – E o que você levava?
_ Um barco de brinquedo... Acho
que era isso. Eu colocava fogos de artifício nele e deixava flutuar no lago da
catedral. Eu sempre costumava brincar de marinha – olhou por uma janela voltada
para o lago e continuou – Não tenho certeza, mas acho que eu fingia que o lago
era o mar aberto, e eu era o comandante da frota. Mas... Que seja. Esqueçam
essas histórias velhas. É melhor nós começarmos.
Deixando a janela e as lembranças
para trás, Bart tomou posição junto à mesa com Fei, Citan, Sigurd e Maison e
começou-se a reunião.
_ Primeiro... A Gebler é o
problema maior.
_ Sim – concordou Citan – Ramsus
está a caminho de cumprir seus objetivos. O fato de ser agora o comandante da
Gebler é prova disso. Um homem comum não poderia progredir tão depressa ao
longo da organização daquele país. E agora, ele está atualmente aqui em Ignas.
Francamente, a situação não é muito favorável. Precisamos de algum modo
encontrar um ponto fraco e atacar com todo o nosso poder.
Bart olhou pensativo para o mapa
e os companheiros, antes de se decidir:
_ Primeiro, vamos nos concentrar
só em Shakhan. Assim que ele estiver fora do caminho e Aveh estiver segura de
novo, podemos pensar no que fazer quanto à Gebler – cruzou os braços – Com
nossa força atual, devemos ser capazes de conter as forças da guarda real. O
problema é como lidar com a Gebler ao mesmo tempo... Eles com certeza devem
reagir a pedido de Shakhan. Não vão simplesmente sentar e ficar quietos.
_ Posso dar uma olhada no mapa? –
pediu Citan, considerando o cenário por algum tempo em silêncio e por fim
dizendo:
_ Resumindo, nós queremos que a
Gebler parta por algum tempo. Pelo menos, até que recuperemos a capital real,
Bledavik.
Ele então indicou o mapa de Ignas,
com alguns pontos assinalados, e confirmou:
_ Estas são as unidades Gebler
atualmente em Aveh, correto? – mostrou o ponto próximo à estrada para Nisan –
Os guardas do oeste... – depois o ponto central do continente – a força de
defesa da Capital Real e... – por fim, indicou o ponto a nordeste – as unidades
ao longo da linha divisória na fronteira com Kislev. Há três grupos, cada um composto
de uma mistura das forças de Aveh e da Gebler. Só dois deles são muito grandes:
as unidades de defesa da Capital Real e as unidades de fronteira de Kislev. A
guarda reunida na fronteira de Nisan é pouco mais do que um grupo de
vigilância.
_ Para recapturar a capital real
– observou Sigurd – será necessário retirar essas unidades de defesa de
Bledavik.
_ Nós temos alguns Gears de
Kislev, correto? – perguntou Citan e Bart confirmou, dizendo que haviam
conseguido alguns. Citan apontou para a fronteira com Nisan e perguntou:
_ E se usarmos estes Gears para
lançar um ataque aos guardas do oeste aqui, na fronteira com Nisan?
_ Entendi – disse Bart – Vamos
atraí-los fazendo parecer que Kislev está invadindo Aveh.
_ Mas o problema é: atacar os
guardas da fronteira será o bastante para pôr o centro em movimento? –
perguntou Sigurd.
_ Para garantir isso, Nisan terá
que parecer estar aliada a Kislev – explicou Citan – Se eles virem as coisas
desta forma, certamente irão se mover.
_ Está dizendo que quer usar
Nisan como isca? – era óbvio em seus olhares que tanto Bart quanto Fei reprovavam
a idéia – Logo Nisan, em batalha...?
_ Shakhan é muito sensível às
ações de Nisan e Kislev – ponderou Sigurd – Se Nisan começar a agir ele
provavelmente deixará o serviço para a Gebler, mas...
_ É claro que eu não pretendo
fazer isso de início – explicou Citan – mas olhando para a situação, nós
podemos ser levados a chegar a este ponto.
A idéia de envolver Nisan no
confronto não parecia muito boa e Bart tornou a se aproximar do mapa e
planejar.
_ Primeiro, nos infiltramos na
capital. Pra derrubar Shakhan, vamos nos encontrar com nossos agentes que já
estão na cidade.
_ Estamos esquecendo de uma coisa
– comentou Citan – As unidades próximas à fronteira de Kislev.
“A força principal da frota de
Aveh é a nave de batalha Kefeinzel – ele indicou a fronteira enquanto explicava
– Ela esteve em serviço desde o governo do último rei. Devido ao seu poder de
fogo, a unidade inteira é chamada de ‘a frota invencível’. Pelo que me lembro,
o relatório da inteligência de ontem disse que a nave está próxima da
fronteira.”
_ Saco... Isso coloca tudo em
xeque!
_ Não fique tão deprimido. Eu
apenas queria que você visse a distribuição atual de forças na área. Mesmo que
no pior caso eles venham, não será um problema tão grande.
_ O que quer dizer? – perguntou
Bart, confuso, e Citan explicou:
_ Eu tenho algumas informações
adicionais sobre a frota de fronteira de Aveh. O comandante supremo aposentado
de Aveh foi transferido para lá. Bem, não realmente transferido... Melhor dizer
‘removido’... O seu nome é Vanderkaum.
_ Vanderkaum... – Sigurd pareceu
reconhecer o nome – Não está falando do mesmo Vanderkaum que esteve em Jugend?
_ O próprio – e, voltando-se para
Bart – Jovem, ele não foi capaz de adaptar-se às mudanças de táticas... Particularmente,
o que veio depois da introdução dos Gears. Ele é um homem que nunca vai se
afastar de sua dependência de grandes armas navais.
_ Tá querendo dizer que ele é
convencido. Ele é todo tamanho e nenhum poder militar verdadeiro... – Bart
pareceu satisfeito – Um alvo excelente pra piratas!
_ Jovem mestre! – exclamou
Maison, horrorizado – isso não vai ser um ato de pirataria!
_ Só estava brincando.
_ Na verdade, o número de Gears
designados para a frota parece ter sido reduzido – observou Citan – Mesmo
assim... Que generoso da parte dele ser tão cheio de si.
_ Ele é assim, tão miolo mole? –
perguntou Bart, animado – Vai ser divertido bagunçar ele!
_ Jovem mestre! – tornou a
protestar Maison.
_ Eu sei, eu sei! Que seja;
Citan, você acha que ele pode atacar nossa força de Gears?
_ Isso não é problema. Mesmo com
Vanderkaum, nós temos forças suficientes restando para agir. No entanto, não
seria sábio subestimar nossos oponentes.
_ Bem, agora que sabemos contra
quem estamos lidando, aqui está o que faremos – e Sigurd mostrou o mapa – Além
de fazer nosso grupo principal atacar Bledavik, temos que impedir a frota nos
limites de Kislev de voltar para a capital.
_ Então, está sugerindo que
tenhamos outra unidade? – perguntou Bart, e Citan confirmou com a cabeça.
_ Uns poucos soldados eficientes
para manter o inimigo longe... Uma força pequena é melhor.
_ Força pequena...? – perguntou
Sigurd.
_ E se Fei conduzir um grupo de
Gears até lá...
_ Eu...?! – Fei perguntou com
todos olhando para si.
_ Espere um pouco! – objetou
Sigurd – Não há razão para envolver todos vocês nisso!
_ ... Não, eu faço – concordou
Fei, após pensar por um instante – É, deixe que eu faço isso. Então, quando
partimos?
_ ... Você tem certeza? – quis
saber Bart.
_ Nós já chegamos até aqui... Ei,
somos amigos até o fim, agora!
Bart concordou com um sorriso, e
Citan disse:
_ A velocidade é tudo. Devemos
cuidar disso assim que for possível.
_ Tá bom, amanhã.
_ Eu... Eu fico realmente
grato... Fei, Citan... – Sigurd parecia sem palavras, e Bart confirmou com
animação pelos dois.
_ É isso aí, não tem jeito de nós
perdermos! Ninguém vai morrer em vão!
_ Muito bem dito, jovem mestre! –
concordou Maison.
THE OLD ECHO FADES AWAY
Nenhum comentário:
Postar um comentário