segunda-feira, outubro 6

Capítulo Três!!!

Salve, pessoas! Distraído aqui e ali, especialmente com o dia da votação, saudações do Louco!

Nah, não esqueci. Mas foi quase, admito. Oeoe, mas sem mais conversa, que eu já embacei muito; Capítulo 03, quando as coisas começam mesmo a acontecer! Eita... e ficou enorme, este capítulo...

Capítulo 3: A Garota da Floresta


            A Floresta da Lua Negra ficava nos arredores de Lahan e era caminho obrigatório para quem ia da vila para o deserto de Aveh. No geral, Fei não teria muito com o que se preocupar quanto aos monstros, a não ser pelos Elfos da Floresta, mais numerosos ali do que os hobgoblins e mais perigosos, também, mas isso mal passava pela cabeça do rapaz, ainda atormentado pelos acontecimentos da vila. Pouco antes de entrar na floresta ele deu uma última olhada na direção de Lahan e não pôde ver as casas mais altas que antes havia. Seus pensamentos ainda eram sombrios e ele estava penetrando no caminho que conduzia a uma clareira em meio à floresta quando ouviu:
            _ Rareceas! Antva!
            A voz de mulher era completamente desconhecida para Fei, assim como o idioma em que ela estava falando. Voltando-se, ele deparou com uma moça que não devia ter mais de dezoito anos num uniforme militar desconhecido e ela empunhava uma pistola. Apesar do propósito ser claro, Fei não conseguia entender uma única palavra do que ela dizia.
            _ Alaham stiuld. – ela continuou a falar por mais algum tempo, até que o piscar de seus olhos azuis mostrou que ela finalmente entendera que Fei não a entendia. Sacudindo a cabeça, ela tornou a falar, desta vez de forma compreensível.
            _ Levante as mãos e jogue fora a sua arma! Faça qualquer movimento suspeito e eu atiro!
            Fei não reconhecia aquele uniforme. Após um instante em silêncio, a garota disse:
            _ Hã... Vire-se!
            Fei continuou olhando para ela. Sem dúvida, entre tudo o que poderia acontecer na floresta, ele não esperava nada como aquilo. Firmando a arma em mãos, ela deu mais ênfase:
            _ Eu disse... vire-se!
            Fei virou-se, então, e a garota se aproximou devagar, até que o cano da pistola tocasse as costas de Fei e ele pudesse sentir algo inusitado.
            __... Você tá tremendo?
            _ Fica quieto! – após um instante de silêncio, sondando, ela disse – Você não parece um dos soldados de Kislev que estão atrás de mim... Mas...
            Ela se afastou devagar e Fei resolveu voltar-se. Ela parou no ato e tornou a firmar a pistola em suas mãos.
            _ Não se mova!
            Os dois permaneceram parados mais um momento antes que ela dissesse:
            _ Eu tenho ordens de matar todos os habitantes da superfície, os ‘Cordeiros’, que encontrar por acaso... É parte da minha missão. Nada pessoal.
            O que a deixava mais inquieta era que a ameaça da arma não parecia deixar Fei nervoso. O rosto dele estava impassível demais para alguém sob a mira de uma pistola. Como se o tempo fosse importante, ela continuou:
            _ Eu tenho uma pergunta para você... Como eu saio desta floresta?
            _ Você... se perdeu?
            _ Me responda! Só isso! Como eu saio daqui?
            _ Desculpe... Mas eu também estou procurando o caminho pra fora daqui.
            _ Ah...
            A decepção dela foi tão grande que a garota baixou a cabeça e também a arma, tirando Fei da mira. Sem que ela se decidisse e um tanto aborrecido com aquela situação, o rapaz perguntou;
            _ Quanto tempo mais você vai ficar parada aí, desse jeito? Se vai atirar em mim, então anda logo e faça isso.
            Ela tornou a olhar para ele, espantada. Com certeza, não esperava ouvir aquilo.
            _ Que coisa estranha pra se dizer! Você não percebe a situação em que está?
            _ Não me importo com minha situação – Fei baixou a cabeça – Sou só um sujeito cuja vida não tem valor. Não há qualquer sentido pra mim em viver.
            Ele tornou a erguer a cabeça e deu um passo na direção da moça, que prontamente apontou a pistola, apesar de indecisa.
            _ F-fique parado!
            Fei deu mais um passo e ela atirou. Em algum ponto atrás de si, Fei ouviu um galho que a arma atingira cair ao chão, mas ele continuava ileso.
            _ Pra onde você está apontando? – e indicou o próprio peito – Aqui! Me acerte aqui! Anda...
            _ Você... Está brincando comigo? – se afastou devagar, sem tirar os olhos de Fei – Você é muito esquisito. Tem algo de errado com você! Devia ao menos tentar resistir um pouquinho!
            Foi quando uma coisa azul pulou da árvore ao lado da moça e caiu atrás dela, o que a fez voltar-se, confusa.
            _ O que é isso? Quem é você?
            A resposta do Elfo da Floresta foi um murro que derrubou a garota, inconsciente. No ato, o torpor de Fei acabou e ele bradou:
            _ Ei! Mantenha essas mãos longe da Elly!
            Elfos lutavam como pugilistas, mas não eram muito espertos e nem adversários à altura de Fei. Um instante de luta e a dupla de elfos caiu e fugiu, assustados, e livre da ameaça, ele voltou-se para a moça inconsciente.
            _ Você tá bem? Agüente firme!
            Mas ela desmaiara, despertando outra vez apenas depois do anoitecer. Olhando ao redor, ela viu uma fogueira acesa e o rapaz estranho parecendo assar algo nas chamas, e o rosto dele abriu-se num sorriso ao vê-la desperta.
            _ Bom, você finalmente acordou! Ficou desmaiada tanto tempo que eu comecei a me preocupar.
            Ela não respondeu, sentando-se e ficando de cabeça baixa. A despeito disso, ele insistiu:
            _ Como está se sentindo?
            Mais silêncio.
            _ Ainda pretende me matar? Então vá em frente e atire em mim! Mas seria melhor que não fizesse isso enquanto estivermos nesta floresta. Os monstros da floresta detestam ruídos altos, sabia?
            Ela continuou quieta, sem sequer olhar para ele, e Fei deu de ombros.
            _ Tá. Não precisa falar comigo se não quiser, mas não ia te matar se me agradecesse por curar seus ferimentos.
            Desta vez ela reagiu, erguendo a cabeça e parecendo um pouco sem jeito.
            _ O-obrigada... Mas você não devia ter me ajudado. Nem pense que isso vai salvar sua vida. Na verdade, não muda nada.
            Chegou a fazer Fei sorrir. A teimosia dela nisso era engraçada.
            _ Por que está com tanto medo?
            _ Eu não estou com medo! – ela retrucou no ato – Só estou sendo cuidadosa. É natural pra mim ser tão cuidadosa considerando que encontrei um Cordeiro da superfície tão suspeito.
            _ Hm... Não precisa se preocupar. Eu não vou fazer nada. E, além disso, você é muito mais suspeita do que eu.
            Ela ficou surpresa, da mesma forma que ele estranhamente sabia que ela ficaria, e então Fei perguntou:
            _ E então, qual é o seu nome?
            Com uma atitude inconformada, ela retrucou:
            _ Eu não vou dar meu nome pra um Cordeiro!
            Isso já estava ficando cansativo! Ela não parecia má pessoa, pensou Fei, mas essa coisa na atitude dela era aborrecida demais!
            _ O que é que há com você e essa história de ‘Cordeiro’? Estamos os dois perdidos na floresta, cercados por monstros perigosos... Não devíamos pelo menos cooperar um com o outro até sairmos daqui?
            Ela tornou a baixar a cabeça sem dizer nada, e ao perceber que ela concordava, Fei sorriu.
            _ Bom. Então, qual é o seu nome? Vai ser difícil pra nós cooperarmos um com o outro sem sabermos nem os nomes um do outro. Quanto a mim, meu nome é Fei Fong Wong. Pode me chamar de Fei.
            Ela ergueu a cabeça e tornou a olhar para ele, respondendo de forma ainda indecisa.
            _ Eu sou... Elhaym. Mas meus pais me chamam de Elly.
            _ ‘Elly’, hein? – foi quando ele se lembrou de ter dito o nome dela antes – De alguma forma, eu já ‘sabia’ disso.
            Elly não pareceu entender e, como nem o próprio Fei saberia explicar, ele mostrou a floresta e disse:
            _ Seja como for, é perigoso demais viajar por aqui a esta hora da noite. É melhor esperarmos até o dia clarear antes de seguirmos procurando por uma forma de sair daqui... se estiver tudo bem com você.
            Elly deu um suspiro resignado antes de responder:
            _ Acho que não temos mesmo escolha, temos?
            _ Tá certo, Elly. Então, que tal comer alguma coisa?
            Mais tarde, um garotinho chorava, sentado no deserto. Olhando para o lado ele viu, entre as dunas, uma fila de pessoas que seguia sempre em frente. Pareciam espíritos.
            _ Ei! Esperem! Esperem por mim!
            Ficar de pé e correr tanto quanto podia na direção deles não quis dizer nada, pois o grupo se afastava depressa. O menino correu até cair sentado na areia, chorando. Estava sozinho de novo. Parecia-lhe que estaria sozinho para sempre.
            Outra sombra apareceu à sua direita, e ele voltou os olhos. Era a silhueta de uma moça com um crucifixo reluzente no pescoço. Mesmo sem poder ver seu rosto claramente, ele sentia a bondade e a gentileza emanarem dela como perfume. Embora não visse o rosto, ele teve certeza de que ela sorria quando estendeu-lhe a mão, dizendo:
            _ Deve ser muito solitário ficar aqui, sem ninguém.
            As lágrimas pararam e o menino sorriu quando ela estendeu a mão gentil para ele, e o ele ia aceitar a ajuda daquela presença tão familiar que parecia saber seu nome...
            _ Fei... Fei. Fei!
            Alguém o estava chamando, realmente, mas não era mais a dama gentil do sonho. Alguém parecia chamar de fora.
            _ Fei?
            Ele levantou-se, olhando ao redor. Estava de volta à floresta e Elly olhava para ele, finalmente parecendo satisfeita.
            _ Bom. Já está pronto para irmos?
            Ele acenou que sim, perturbado. Por um instante, Elly parecera tornar-se a dama que lhe estendera a mão no sonho. O dia já raiara, e ambos começaram a procurar uma forma de sair da floresta.
            Mesmo estando em dois, o caminho não foi mais simples nem mais complicado do que deveria. Havia vários monstros à solta, mas quando o conhecimento de Fei não bastava, as técnicas Ether de Elly complementavam as lutas. Em dado momento, quando alcançariam uma clareira aberta mais adiante, Elly chamou a atenção dele.
            _ Fei... Ontem, você disse que sua vida não tinha valor. O que quis dizer com aquilo?
            Ele ficou um pouco aborrecido. A companhia dela e o esforço em abrirem caminho pela floresta haviam feito com que deixasse para trás os acontecimentos em Lahan, mas agora...
            _ Por que está perguntando?
            _ Por quê? Ontem, parecia que você tinha um desejo de morte. Acha que isso não ia me fazer ficar pensando? Diga, como é que acabou se perdendo nesta floresta, em primeiro lugar?
            _ Eu podia perguntar a mesma coisa.
            Ela não esperava pela pergunta e ficou um tanto insegura, de repente.
            _ Hã? Bem, eu... Hã...
            Mas Fei já não prestava atenção, lembrando-se de tudo o que fizera e imaginando o que havia feito para causar tal destruição em sua vila.
            _ Eu... Fugi... da minha vila. Ou do que resta dela...
            _ Vila? Você não está falando...?
            _ Lahan... Era uma pequena vila entre esta floresta e a cordilheira. Eu fugi de lá.
            _ Aquela vila...?
            Elly parecia saber do que Fei estava falando e, num estado normal, ele provavelmente perceberia. No entanto, estava concentrado nas lembranças enquanto explicava a ela.
            _ Era uma vila boa e pacífica. Todos lá me tratavam como se fosse família. Então, ontem à noite, um grupo de Gears apareceu de repente e começou a lutar bem no meio do lugar. A vila foi engolida pelas chamas... Eu não podia ficar lá, parado, e assistindo Lahan ser destruída... – as lembranças ficavam mais fortes e ele baixou a cabeça – Então, pra defender o pessoal da vila, eu entrei num Gear vazio... sem ao menos saber como operá-lo. Eu só achei que, talvez, pudesse fazer aquilo. Não... Era mais como... se alguém estivesse cochichando pra mim... Alguém sussurrando... Me dizendo pra fazer... Mas foi um desastre! A vila...
            _ Foi destruída pelo exército de Kislev?
            Fei não dissera que os Gears eram de Kislev e teria percebido o deslize dela normalmente. Ao invés disso ele ficou em silêncio e ela teve que insistir;
            _ Fei...?
            Depois de uma pausa longa, ele respondeu enfim:
            _ Não... A vila foi destruída... por mim.
            Ela obviamente ficou sem entender e ele continuou:
_ Sim, fui eu. Eu destruí Lahan. Estou certo disso...
_ O que quer dizer com isso? Pensei que estava tentando ajudar a salvar o povo?
_ Eu tentei ajudar. Na verdade, cheguei a derrubar alguns Gears. Mas então... Fiquei sob fogo pesado de um novo grupo de Gears e o meu amigo... Timothy... foi atingido por uma rajada de balas...
Elly sentia-se pior a cada palavra e isso era visível em seu rosto, mas Fei nem percebeu.
_ Então, eu me perdi... Tudo ficou escuro... Não me lembro de nada depois disso. O Gear em que eu estava ficou fora de controle... Bem, foi o que o doc disse. Quando dei por mim, a vila... Todos que viviam nela... – ele apertou os punhos de frustração – Alice, ela era tão... Ela e o Timothy... Deus do céu, todos eles! Gente tão boa, e...
_ O Gear... saiu de controle?
Ele não respondeu novamente, ficando de frente para uma árvore e de costas para ela.
_ Fei?
_ ... É, o Gear!
Ela não entendeu nada, mas lembrou-se de uma noite recente, onde voava numa missão. Pelo comunicador, podia ouvir o líder de seu grupo praguejando.
_ Malditos, ainda estão em perseguição! E já entramos em território de Aveh! Mas não vamos desistir agora. Este Gear é importante demais!
Uma explosão à sua esquerda e Elly viu um Gear dos seus companheiros cair. E a voz tornou a falar:
_ É isso, estou em desvantagem, agora!
Foi quando Elly sentiu um tranco violento no seu próprio Gear. Enquanto o monitor de dano mostrava a avaria, a voz perguntou:
_ Van Houten, o que há de errado? Responda!
_ E-estilhaço... na minha retaguarda. A saída dos meus propulsores está diminuindo. Não consigo manter a altitude.
_ Maldição! Todo mundo, pousar agora! Reagrupar no solo! Vamos ter que enfrenta-los!
Em meio às sombras da noite, o Gear avariado de Elhaym Van Houten aterrisou bem na praça de uma pequena vila desconhecida e, mal a piloto deixou a cabine, um grupo de Gears inimigos pousou depois e abriu fogo. Elly ainda ouvia os tiros quando a voz de Fei a trouxe de volta, e ele parecia irado.
_ Se eles nunca tivessem vindo à vila, nunca tivessem começado a lutar lá... Eu nunca teria tentado pilotar aquele Gear. A culpa é toda deles... Não minha! Se eles não tivessem lutado em Lahan... não teria acontecido nada. A culpa é deles! – e começou a esmurrar o tronco da árvore diante de si, repetindo sem parar: _ Deles! Deles!! Deles!!!
_ Já chega!
O grito de Elly foi inesperado e, ao se voltar, Fei viu que ela parecia irritada.
_ Você é um covarde!
_ Um covarde...? Eu?
_ Sim, você é um covarde! Tudo o que fica dizendo é ‘eles, eles, eles’! Não fale como se não tivesse parte da culpa, também!
_ Eu tenho parte da...?
Fei estava cada vez mais confuso e angustiado, mas Elly não se poupou de continuar:
_ Isso mesmo! É claro que a causa direta da batalha foi um Gear que fez um pouso de emergência na sua vila, mas tudo o que Kislev queria era o gear, certo? Não estavam invadindo ou tentando destruir Lahan. O verdadeiro dano aconteceu porque você subiu num Gear e tentou revidar!
Fei não havia pensado assim antes e baixou a cabeça, enquanto ela continuava:
_ O que fez você subir no Gear? Não é qualquer um que pode pilota-los! Isso requer treinamento! Não há como um civil poder esperar pilotar um! Ao invés disso... Você devia ter ajudado as pessoas a fugirem para a segurança! Como pode pôr a culpa num Gear quando foi sua a decisão de lutar nele, em primeiro lugar?
Fei apertava os punhos de nervosismo; não conseguia fugir do peso daquilo. E ela apenas continuava a fazer parecer ainda pior do que já seria, dizendo:
_ Por que não aceita alguma responsabilidade? Por que fica colocando toda a culpa nos outros? Está apenas fugindo! É isso o que faz de você um covarde!
_ Se você coloca as coisas desse jeito... Sim, eu sou um covarde! Não percebi a minha própria força e tenho culpado os outros pelo que aconteceu. Sou uma imitação barata de ser humano.
A falta de energia na voz dele, sua atitude derrotada, tudo isso fez Elly imaginar se não teria ido longe demais. Fei estava novamente de cabeça baixa e sua voz parecia a de alguém que chorava.
_ Eu... só senti meu sangue fervendo e não pude evitar. Não pude me conter... Nem ajudar os outros!
Ele agora estava realmente chorando e se deixou cair sentado no chão repleto de folhas, mãos cobrindo o rosto e Elly percebeu que não estava sendo justa. Além do mais, Fei lhe salvara a vida.
_ Fei, eu... Eu só...
_ Fica quieta! O que é que você sabe, afinal?! – os olhos marejados dele ficavam fixos nos próprios punhos fechados, incapazes de encarar a moça – Quando eu voltei a mim, estava cercado por pilhas de escombros! Eu não sabia o que tinha acontecido ou o que tinha feito! Não lembrava de absolutamente nada! Tudo o que eu sabia era que minhas mãos ainda podiam sentir o que tinham feito.
Sua cabeça caiu e ele escondeu o rosto novamente, desconsolado, falando sozinho.
_ As únicas coisas que penetravam a barreira do Gear eram gritos! Gritos acompanhados pelo banho de sangue, pelo som de ossos se quebrando e as minhas próprias maldições – ficou de pé de repente e estendeu as mãos na direção dela, parecendo ainda mais desesperado – Olha! Olha pra as minhas mãos! Consegue ouvir as vozes deles? Consegue entender esse sentimento? O sentimento de ter destruído sua vila com as próprias mãos? De não ser capaz de fazer nada pelas crianças que ficaram pra trás? Agora eles não têm nada... Eu não tenho nada... Não tenho lugar... Não tenho ninguém...
Elly sentiu a consciência doer. O rapaz parecia uma criança desamparada, sentado novamente e soluçando enquanto murmurava:
_ Eu não queria subir nele... Não tive escolha! Não tinha outro jeito...!
Elly começou a se aproximar de Fei, querendo dar algum consolo, mas algo dentro de si lhe disse que já fizera mais do que o suficiente. Além disso, havia algo que não dissera a Fei e, naquela hora, talvez ela deixasse escapar. Sentindo-se mal consigo mesma pelo que fizera, ela recuou e acabou se afastando rumo a outra clareira, ainda parando por um instante para olhar para o rapaz.
Agora, ela também sentia uma culpa similar á dele. Por que reagira daquela forma? Ele estava certo; se não tivesse pousado na praça central de Lahan, nada daquilo teria acontecido. E, quanto ao sentimento de haver perdido o controle, ela própria tinha sua história para contar.
_ Por que eu falei daquele jeito com ele...?
“Por que fica colocando a culpa de tudo nos outros?”
Ela lembrou-se de outra ocasião. Um corredor em sua academia, com as paredes manchadas de sangue. Três colegas mortos de forma violenta, enquanto ela apertava a cabeça entre as mãos.
_ Não... Não fui eu quem fez isso, não entende?
“Não é qualquer um que consegue pilotar um Gear! Foi a sua decisão de pilota-lo que começou tudo!”
_ Eu não tenho esse tipo de força. Foi... Outra pessoa.
As expressões de dor no rosto dos três mortos pareciam marcadas a fogo em sua memória e o sangue de seus ferimentos parecia correr como um rio em sua direção.
“Por que não aceita a responsabilidade? Por que coloca a culpa toda nos outros? Você é um covarde!”
“Sim, isso mesmo! Eu sou um covarde!”
Elhaym Van Houten entendia bem o sentimento do descontrole, de não saber o que havia acontecido num certo período de tempo e despertar cercada por pessoas mortas. Suas próprias mãos tinham sangue. E a isso seguia-se agora o remorso por ter sido tão dura com Fei.
_ Sim... É isso mesmo... Eu sou uma covarde...
De cabeça baixa ela afastou-se, sentindo a dor do rapaz e a responsabilidade que lhe cabia ficarem pesadas demais. Apenas um som estrondoso semelhante a passos que se aproximavam tornou a atrair sua atenção e ela olhou para o outro lado da clareira. Um enorme lagarto verde, com chifres na cabeça e esporas em suas costas emergiu do meio da mata e parou ao vê-la, voltando-se em sua direção e rugindo.
Fei ainda estava com a cabeça baixa e chorando quando ouviu o grito de Elly vindo dali de perto.
_ Ah, não!
Sem pensar mais no que acontecera, movido pela urgência de salvar a moça, ele correu para a clareira próxima e encontrou Elly nas garras de um Dragão Rankar.
_ Elly!
A moça não reagiu ao chamado, mas o monstro voltou-se em sua direção e a deixou no chão. Fei colocou-se em guarda, mesmo sabendo que não tinha chances de enfrentar aquele monstro de mãos nuas e esperou que Elly se levantasse e fugisse enquanto ele ganhava tempo. Suas esperanças morreram, no entanto, quando tornou a chamá-la e ela não respondeu.
_ Maldição, ela está inconsciente.
O Rankar estava entre Fei e Elly. Durante sua primeira investida, Fei esquivou-se para a direita e aproveitou para atingir o monstro com sua melhor técnica de então, o Raijin, que concentrava toda a força de seu espírito no punho para descarrega-lo explosivamente. Foi força suficiente para derrubar até mesmo o dragão, mas não para vencê-lo, e o rapaz percebeu que precisaria de muito tempo para derrotar o Rankar com aquilo. Um tempo que não teria.
_ Feei!
A voz conhecida de Citan Uzuki veio acompanhada do som de hélices. Logo em seguida, o Caranguejo de Areia que Fei vira em reparos na casa do doutor passou voando, carregando algo que o rapaz não esperara ver de novo.
_ Fei, estive te procurando! Aqui, pode usar isso!
O veículo do doutor soltou o Gear negro e este caiu á frente de Fei, em posição de prontidão e abrindo a escotilha do piloto, indiferente à expressão no rosto do rapaz.
_ Ei, espere um minuto! Me dizer que eu posso usar isso é...
O Rankar, tendo perdido de vista sua presa depois da queda do Gear, voltou sua atenção para a moça inconsciente caída ao seu lado e Fei se viu sem opções. Apressou-se na direção da cabine e pediu:
_ Doc, eu tenho que pedir um favor: eu vou derrotar este monstro! Mas, se parecer que eu vou ficar fora de controle como da última vez, atire em mim!
_ Fei... Vamos rezar para que não aconteça!
O veículo do doutor se afastou enquanto o Gear negro ficou em pé e confrontou o monstro. Diante de um inimigo à altura, o Rankar lançou sua baforada aderente, capaz de reduzir a velocidade de reação do adversário. Agindo novamente com naturalidade como se fizesse aquilo a muito tempo, Fei ativou o turbo do Gear e os propulsores se ativaram, compensando a perda de velocidade e ficando mais veloz que o Rankar.
O dragão usou sua cauda, mas já não conseguia alcança-lo. Tentou novamente o sopro aderente, mas Fei não ficava parado diante dele. Girando ao redor do monstro enquanto concentrava energia, o Gear negro dirigiu seus pulsos para o dragão e liberou novamente o poder da máquina amplificadora de Ether, lançando um Tiro Guiado contra o monstro.
Diferente dos Gears da noite anterior, o monstro não foi vencido apenas com isso, mas ficou sem visão por tempo suficiente para que Fei encontrasse no painel de instrumentos algo chamado ‘nível de ataque’, que não vira antes, e ao selecionar aquilo, o Gear entrou num modo de ataque automático denominado ‘Raigeki’, iniciando uma seqüência de golpes rápidos e fortes dos punhos que terminou por tombar o Rankar.
Ao fim da luta, Citan pousou e perguntou:
_ Você está bem, Fei?
_ Sim... Acho que sim.
_ Essa luta com o Rankar foi memorável. Um Gear ordinário não poderia derrotar aquele monstro. E você, com certeza, se manteve em boa forma...
_ Por que trouxe isso pra cá, Doc?
E voltou seus olhos desconfiados para a máquina que Citan encarou despreocupadamente.
_ Isso...? Está falando do Weltall?
_ Weltall? – Fei não podia acreditar- Este é o Gear que destruiu nossa vila! Por que se incomodou em trazê-lo aqui? Eu nunca mais quero ver outro Gear...
_ Eu entendo como se sente... Mas, a fim de se proteger, é preciso um certo nível de força. Especialmente se estamos sendo perseguidos.
_ Bem... Eu concordo que um certo grau de força é necessário para a auto-defesa e... Se não fosse por este Gear, Elly e eu estaríamos no estômago daquele Rankar a esta altura... Mas o poder dele vai além do necessário. Será que alguém precisa do poder para destruir tudo?
Para isso, Citan não teve resposta. E Fei continuou:
_ Não quero esse tipo de poder. Eu simplesmente odeio Gears.
_ Usar ou ser usado pelo poder, Fei... Isso não é uma questão de coração? Se os humanos não usam seu poder de forma errada, ele pode ser uma coisa boa. Eu acredito que tal poder é capaz de nos salvar. Quanto a isso, eu sei que você vai estar bem. Com certeza, ajudou você desta vez. Estou certo?
_ Eu... Quero acreditar nisso – Fei baixou a cabeça – Mas tem algo me impedindo. Este Gear...
Ainda olhou novamente para a máquina parada, que parecia alheia aos rumos que lhe eram dados. Por fim, Fei deu de ombros.
_ Bem, que seja. Ao menos, Elly está salva.
_ Sim, e parece que ela já vai acordar.
Os dois foram até a moça exatamente no momento em que ela se levantava, olhando confusa para o rosto desconhecido do doutor, que tratou de se apresentar.
_ Eu sou Citan, um amigo de Fei – olhou para o Rankar caído com ar pensativo – Você quase não conseguiu. Se Fei não tivesse salvado você, eu odeio pensar no que poderia ter acontecido. Mas também não fiquei muito à vontade com a pressa dele em tentar derrubar aquele Rankar com as mãos nuas.
_ Mãos nuas? – e olhou para Fei, achando difícil acreditar. Fei pareceu ficar sem jeito e Citan deu de ombros.
_ De qualquer modo, estou feliz que tenha podido dar um uso para o que eu lhe trouxe, Fei.
Foi quando Elly percebeu o Gear negro parado próximo ao Rankar e Citan comentou, com ar distraído:
_ Digamos apenas que estamos pegando emprestado algo que o exército de Kislev deixou pra trás.
_ Ah... – e, voltando-se para Fei – Obrigada, Fei. Com essa, já são duas vezes.
_ Sem problema. Eu coloco na sua conta.
O sorriso de um para o outro desmentia o que acontecera pouco antes e Citan, olhando para os céus, observou:
_ Está ficando escuro. Vamos acampar agora e começamos amanhã de manhã. Vocês dois parecem cansados e eu preciso fazer uns reparos no nosso amigo aqui.
Mais tarde, Elly olhava pensativa para Fei, para a fogueira acesa e para Fei novamente. O rapaz estava dormindo e ela não conseguia se livrar de uma sensação de estranheza perto dele, ao mesmo tempo em que parecia conhecê-lo de algum lugar. Mesmo um tanto distraída com seus pensamentos, no entanto,ela ficou alerta ao ouvir alguém se aproximar, mas era apenas Citan, comentando em voz alta:
_ Não adianta. O atuador do joelho e o circuito de compasso estão arruinados. Posso consertar o atuador, mas o circuito tem que ser trocado... – foi quando ele percebeu que ela ainda não dormia e sorriu – Ah, está tendo problemas para dormir?
_ É... Um pouco.
_ Eu imaginei que teria. Você teve um dia e tanto.
O cientista voltou-se para o Gear e disse, num tom casual:
_ Essa é a máquina que Fei usou quando a vila foi atacada. E havia outra máquina deixada nos limites da vila... Nil Bayer dars legus?
Elly voltou-se para ele, sobressaltada. Citan acabara de perguntar-lhe se a máquina era dela em sua língua! Diante de sua reação, ele acenou afirmativamente com a cabeça.
_ Como eu pensava... O piloto desaparecido do Gear que fez um pouso de emergência em Lahan e a garota misteriosa encontrada perdida na floresta são na verdade a mesma pessoa. E, a julgar pelo seu uniforme, eu também diria que você está com os militares. Estou certo?
Elly nem tentou disfarçar sua surpresa. Aquilo não seria de esperar de alguém que vivesse numa vila como Lahan.
_ Como...? Quem é você?
_ Eu verifiquei as plaquetas de identificação dos soldados que morreram no ataque a Lahan. O desenho das plaquetas e o do seu uniforme são os mesmos.
Ela pareceu abalada com a informação da morte do seu grupo, mas Citan a tranqüilizou:
_ Não se preocupe, eles tiveram funerais apropriados. Mas podem não ter ficado muito felizes por morrer numa terra estranha.
__... Talvez – murmurou Elly, pensando no sentimento natural de repulsa entre seus companheiros e os ‘cordeiros’.
_ Fei já sabe de você?
_ Eu acho que... Ele não percebeu ainda.
_ Provavelmente não. Fei não conhece nada do mundo fora de Lahan.
_ Entendo... A propósito, como você...
_ De qualquer modo, é melhor que nós não bisbilhotemos mais no passado um do outro.
_ Mas...
_ Vamos dizer apenas que eu sei um pouco mais sobre o mundo do que a maioria.
Elly não ficou muito satisfeita com isso, mas resignou-se. Citan dava um estranho ar de confiança ao tomar essa decisão e ela soube, por si mesma, que não conseguiria mais nada dele. E o doutor não terminara.
_ De qualquer modo, Elly... Eu tenho que pedir um favor.
_... Favor?
_ Seguindo em frente, você vai alcançar uma estrada. Então, basta continuar em frente. Por favor, você poderia ir embora enquanto Fei ainda está dormindo?
Elly pareceu ainda mais surpresa, e Citan explicou:
_ Coisas infelizes ficam acontecendo em torno de Fei. Eu gostaria de protegê-lo se possível... Não quero que ele seja pego em nenhuma disputa inútil. E, também, digo isso em seu benefício, Elly. Você não pertence a este lugar. Volte para a sua família.
Tudo o que ele dissera era verdade, mas Elly relutou um pouco e Citan assegurou-lhe:
_ Não se preocupe. Não vou contar ao Fei sua verdadeira identidade. Vou dizer apenas que... você foi se encontrar com sua família.
_ Não, não é isso. É que... Eu fiz algo terrível a ele... e queria me desculpar...
_ Algo terrível?
Elly baixou seus olhos, fixando o olhar nas mãos sobre suas pernas enquanto falava:
_ Fei me disse que era nossa culpa que sua vila tivesse sido destruída. Ele dizia, ‘se ao menos eles não tivessem vindo... ’. Então, eu o chamei de covarde, porque ele estava tentando fugir da culpa – e olhou diretamente para o doutor – Se eu não tivesse feito um pouso de emergência lá, eles ainda estariam vivendo em paz, agora. Todos aqueles inocentes não teriam sido pegos pela tragédia. Mas eu acusei Fei...
_ Você é uma raridade.
Elly percebeu que Citan sorria para ela com ar pensativo.
_ Eu não esperaria que o seu povo pudesse pensar assim. Para o seu povo, habitantes da superfície não são nada mais do que animais domésticos. Não é isso?
_ ‘Os pastores, “Abel” – citou ela – tomaram o controle sobre os “Cordeiros” da superfície, possuindo o direito de dar vida e morte a eles como lhes couber... ’
_ Exatamente. Ainda assim, você parece se sentir responsável por Fei e pelo povo da vila. Por que isso?
_ Eu mesma também não entendo... Em Jugend, me ensinaram que gente da superfície era estúpida e básica, e que é por isso que temos que controla-los. Mas...
_ Mas depois de conhecer Fei, algo nele fez você se sentir diferente?
_ Isso mesmo! – ela olhou para o adormecido Fei com admiração nos olhos – Ele não é diferente de nós... Na verdade, parece até mais poderoso. Ele possui alguma coisa... Algo que nós não temos. Ele até arriscou sua vida pra me salvar... duas vezes!
_ Muitos do seu povo sentiriam vergonha em admitir algo assim. No entanto, você é grata ao Fei...?
_ Provavelmente, é por causa do meu pai. – ela sorriu e deu de ombros – Ele tem uma mente aberta aos habitantes da superfície. Como a minha babá. E, além disso, eu sou igual ao Fei... – ela comentou meio que para si mesma.
_ Igual?
_ Não... Nada. – ela percebeu que estivera pensando em voz alta – Esqueça.
_ Hmm, acho que entendo. Me desculpe. Afinal, acabei de dizer que não devíamos bisbilhotar  – deu um sorriso meio sem jeito – É a minha natureza, sabe? Minha esposa diz que eu sou muito persistente e que falo demais, mas pessoalmente, eu não acho que fale tanto.
Elly sorriu. Era mesmo estranho ver Citan sem jeito, como se não combinasse com alguém que sempre tinha respostas. Olhando de novo para o céu, ele concluiu:
_ Provavelmente, é melhor que você volte para a sua terra. Não devia mesmo estar aqui.
_ Sim, eu vou voltar para o quartel general – disse ela, de pé. Mas ainda parecia preocupada – Mas, e então...
_ Você ainda está preocupada.
_ É.
_ A preocupação é natural. ‘Eu também costumo me preocupar, sabia?’ – ele citou de forma solene, deixando-a meio sem jeito. Por fim ele disse:
_ Bem, deixe que eu pense no que dizer ao Fei. É melhor você ir.
Elly acenou que sim e seguiu no rumo indicado por Citan. Ainda voltou-se uma vez, olhando para o doutor, para o Gear e para Fei antes de ir embora. Na manhã seguinte, Citan estava terminando de esconder Weltall quando Fei lhe perguntou;
_ Elly já foi?
_ Ah, então estava acordado?
_ É. Acordei no meio da conversa e ouvi parte do que vocês estavam falando. Então, é isso o que Elly é?
_ Bem Fei, ela é...
_ Eu sei. Não é culpa da Elly. O que houve na vila foi culpa minha. Eu descarreguei meus sentimentos em cima dela. Era eu quem devia pedir desculpas.
_ Não se culpe, Fei. Também não foi culpa sua. Só estava tentando proteger a vila.
_ Obrigado Doc. Aliás, como o pessoal da vila está indo?
_ Não se preocupe, Yui está cuidando deles. Eu pedi a ela que partisse em breve e os levasse todos a um certo lugar. Por enquanto deverão estar em segurança. Basta que se preocupe com você agora. No momento, precisamos pensar no que fazer em seguida. Na minha opinião, seria melhor seguir para a cidade do deserto, Dazil. Podemos descobrir o que Aveh e Kislev estão armando, além de conseguir peças para o Weltall. O líder de Aveh não vai ficar sentado e deixar o fiasco da noite passada ficar impune.
Fei concordou e os dois tomaram o rumo da floresta que seguia para o deserto. Após uma caminhada razoável, e já nos limites da mata, um som de motores fez com que olhassem para o céu e vissem uma nave de guerra enorme aparecer entre as folhagens.
_ O que é aquilo...? – perguntou Fei.
_ Posso presumir que seja uma nave de batalha aérea de Aveh.
_ Nave aérea? Eu nunca ouvi falar de que Aveh tivesse nada como aquilo.
_ É claro que não é originalmente de Aveh. Provavelmente é pertencente às forças da Gebler posicionadas em Aveh.
_ Gebler?
_ Forças Especiais do Sagrado Império de Solaris, conhecidas como Gebler. Tenho certeza de que já ouviu falar sobre eles. São uma organização que providencia apoio militar de larga escala ao Reino de Aveh. Eles surgiram em Ignas há vários meses atrás. Até então, Aveh estava sofrendo a derrota frente a Kislev. Com o apoio da Gebler, no entanto, eles já recuperaram metade das suas perdas. Agora, estão expandindo o seu território e reunindo os recursos descobertos nas ruínas.
_ Sim... Eu ouvi os mais velhos na vila falando a respeito. Elly é parte deles?
_ Possivelmente sim. O grupo deles tem poder e tecnologia superiores. Diz-se que estão aqui apenas para conseguir os recursos das ruínas. Na verdade, estou surpreso que estejam usando algo tão poderoso quanto aquela nave... Talvez seja para conter os recentes conflitos nas fronteiras.
_ Então, eles lutam contra o Império de Kislev?
_ Sim. Parece que descobriram novas ruínas no extremo norte de Aveh. E essas ruínas estão sob um templo de quinhentos anos de idade. Três semanas atrás, Kislev dominou as ruínas. Provavelmente estão lutando por isso.
Fei olhou para o alto, onde a nave da Gebler havia desaparecido, e a estranha e absurda idéia de ser obrigado a lutar com Elly no futuro cruzou sua mente. Sacudindo a cabeça para se livrar do pensamento, ele deixou a floresta.



READY TO FIGHT,

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