domingo, outubro 12

Capítulo 04!

Olás, pessoas! Domingo cedo (?), saudações do Louco!

E eis mais um episódio do 'Xenogears'. E, vale comentar, acho que vou começar a cortar os capítulos grandes; o anterior ficou enorme! Digo, não cortar, só dividir em pedaços. Mas se rolar, vai ser mais pra frente; acho que o de hoje não é assim tão grande.

Vejam e julguem vocês mesmos ^_^ Forte amplexo do Louco!

Capítulo 4: Dazil

            Fei ficou maravilhado diante do tamanho e da animação na Cidade do Deserto de Dazil. Citan explicou-lhe que aquele era o centro das escavações de todo o continente e que pessoas de toda a terra de Ignas iam até ali para conseguir as novidades que os serviços do “Ethos” descobriam na região. Ali, ele esperava que pudessem conseguir peças para substituir os danos em Weltall. Ao verificar na instalação do “Ethos”, no entanto, o doutor soube que apenas os mais avançados modelos militares usavam aquele tipo de circuito de compasso e que, sendo aquela uma oficina de Gears domésticos apenas, não teriam como consegui-lo. A despeito de serem más notícias, Fei sentiu-se aliviado e pediu a Citan para que conversassem em particular. Sobre um dos arcos de pedra da cidade, ele perguntou:
            _ Já que não pudemos encontrar as peças que precisamos pro Weltall, Doc, será que não podíamos apenas deixa-lo como está?
            _ Não consertar Weltall? Qual o problema, Fei?
            _ Bem, nós pudemos chegar até aqui por nós mesmos; logo, não precisamos tanto assim do Weltall. Pra falar a verdade, depois que as coisas esfriarem um pouco, eu estava pensando em voltar pra Lahan e ajudar na reconstrução. É... tudo o que eu sinto que posso fazer, agora.
            _ Bem, se é isso o que quer Fei, então está ótimo – respondeu Citan com uma expressão pensativa voltada para a cidade – Mesmo assim, acho que devíamos tentar levar Weltall para tão longe quanto possível.
            _ Leva-lo pra longe...? Mas por que, Doc?
            _ Eu estou apenas presumindo, mas suspeito que o incidente daquela noite aconteceu porque uma força especial da Gebler roubou um Gear militar de Kislev.
            _ Força especial? Está falando do grupo da Elly?
            _ Exatamente. Quando examinei o Gear avariado na vila, eu percebi que o piloto da Gebler estava pilotando um Gear de Kislev. Devia haver alguma nova tecnologia envolvida nisso para o exército de Kislev enviar forças de perseguição atrás dele.
            _ Nova tecnologia...?
            _ Eu suspeito – Citan ainda meditava de cabeça baixa, e concluiu o raciocínio olhando para Fei – que a força Gebler estava tentando roubar um novo Gear experimental. Tenho certeza de que notícias do fracasso já chegaram à capital. Eles vão investigar a área de Lahan para reclamar qualquer peça do novo Gear que possam achar.
            _ Espere aí, Doc! O exército de Kislev não vai estar em Lahan, também?
            _ Muito provavelmente. E, neste caso, haverá conflito entre o grupo de inspeção de Aveh e as tropas de perseguição de Kislev. Se descobrirem onde escondemos Weltall...
            _ Os exércitos vão lutar pra ver quem fica com Weltall – percebeu Fei – E tudo isso próximo a Lahan.
            Citan acenou afirmativamente com a cabeça e concluiu:
            _ E, para evitar qualquer problema, devemos levar Weltall para outro lugar o quanto antes.
             _ Mas... Não teremos como conserta-lo para levá-lo embora.
            _ Sim... Mas ficar aqui, parados, não vai nos ajudar em nada. Felizmente, este é o centro de toda a escavação deste país. Deve haver informações de onde podemos conseguir peças por aqui. Basta procurarmos.
            Após uma busca pouco frutífera pela cidade, eles voltaram aos portões e Citan viu um veículo de quatro rodas que Fei não conhecia, e pareceu ficar animado.
            _ Aquilo é um buggy de areia! Hmm, isso me dá uma idéia!
            _ ‘Buggy de areia’?
            _ É um carro com pneus que não afundam, ideal para travessias no deserto. É perfeito!
            _ Como assim, perfeito? O que quer dizer, Doc?
            _ Apenas deixe comigo, Fei. Vou alugar o buggy. Espere aqui.
            Fei realmente não estava entendendo nada. Citan obviamente sairia rumo ao deserto, mas o motivo não estava bem claro. Quando o estudioso apareceu, subindo no buggy, o rapaz perguntou:
            _ O que vai fazer afinal, Doc? Uma escavação, ou coisa parecida?
            _ Não Fei, nada disso. Lembre-se que esta é uma área disputada, onde Gears militares de Aveh e Kislev estão sempre em combate. Se procurar pelo deserto, posso encontrar peças remanescentes destas batalhas ao redor da cidade, até poder encontrar as peças de que precisamos para Weltall.
            _ Mas Doc, encontrar peças de reposição caídas no meio do deserto...!
            _ Não seja tão pessimista, Fei! Temos que tentar alguma coisa!  Por que não mata algum tempo do bar, enquanto eu procuro? Não devo demorar.
            E saiu no buggy, deixando o indeciso Fei para trás. Mal o buggy deixara a cidade e desaparecera deixando atrás de si uma nuvem de pó, o dono da locadora saiu esfregando as mãos e disse-lhe:
            _ Ei rapaz, aquele homem é seu amigo? Como é que pôde deixa-lo sair sozinho para o deserto? As coisas estão feias lá fora, com Aveh e Kislev lutando de um lado e os Piratas da Areia aparecendo de repente e pegando os vencedores das lutas. Devia ir atrás dele. O deserto anda mais perigoso do que nunca.
             Fei já estava inquieto o bastante sem ouvir aquilo. Sem mais, mesmo sem saber ao certo o rumo que Citan tomara, ele deixou a cidade e se embrenhou no deserto.
            A sorte, se é que podia se chamar assim, parecia estar com Fei. Seguindo rumo a noroeste e embrenhando-se mais ainda no deserto, ele não tardou a ver dois Gears cobrindo as distâncias com saltos longos. Preocupado com Citan e com o rumo dos Gears, ele decidiu segui-los como pudesse. Com a distância no deserto parecendo maior, no entanto, e com a facilidade dos Gears em moverem-se, ele não tardou a perdê-los de alcance. Ainda seguia em linha reta, presumindo que eles manteriam o curso, quando tudo à volta pareceu tremer. Uma sombra enorme pareceu cobrir o deserto e ele viu, admirado, uma forma circular muitas vezes maior do que a nave de batalha da Gebler cruzando o céu. Ela parecia cercada por luzes brilhantes e deixou uma sensação de vulnerabilidade no rapaz. Que mundo era aquele em que vivia, onde Gears eram o que havia de menos impressionante para se ver?
            Pensando em Gears, ele notou logo uma segunda unidade do mesmo tipo que estivera seguindo rumando na mesma direção que o disco voador gigante. Apesar do cansaço, Fei procurou segui-los de forma a não perder seu rastro e imaginou consigo mesmo até onde o Dr. Uzuki fora. Seguiu por uma boa parte do deserto a pé, a ponto de começar a escurecer e ele se perguntar:
            _ Esse deserto não termina nunca? É melhor eu me apressar, ou vai escurecer e...
            Mais motores, menores que os dos Gears ou que o estrondo do disco voador, e Fei viu um grupo de soldados de Aveh cortar o deserto em motocicletas, o que o deixou se perguntando se Citan estaria bem numa tarde tão agitada em meio ao deserto. Quando uma das motos inadvertidamente veio em sua direção ele resolveu agir. Saindo de trás da duna e assustando o piloto, Fei conseguiu derruba-lo e à sua máquina, subindo nela e desculpando-se:
            _ Hã, desculpe por isso. Me deixa emprestar isso aqui por um tempinho!
            A travessia ficou mais simples com a moto, apesar de ainda haver uma longa extensão a ser percorrida. A noite já estava presente quando Fei ouviu um som em meio à areia e parou, imaginando que podia ser Citan. Ao invés disso, um dos Gears de Aveh pousou bem ao seu lado e o viu. Ao tentar fugir, ele terminou sendo cercado por um segundo Gear e viu que suas opções eram poucas.
            _ Ora, o que é que há com vocês, caras? Não vão exagerar só por causa de uma motocicleta...
            Um dos Gears ergueu o punho e talvez tivesse encerrado a história aqui, não fosse um ataque súbito que derrubou um dos Gears e afastou o outro, pressagiando o retorno de Weltall e com um aliviado Dr. Citan nos controles.
            _ Fei! Eu o estive procurando por toda a parte!
            _ Doc! Você está bem?
            _ É claro que sim... – olhou para o lado e viu os Gears inimigos se reerguendo – Parece que não temos tempo para bater papo. Depressa, Fei!
            _ Depressa o quê?
            _ Eu não posso usar Weltall muito bem! Só você pode usa-lo a plena força... Se apresse e suba a bordo!
            E não deu margem para discussões, saltando da mão aberta do Gear e deixando espaço para que Fei, ainda relutante, embarcasse. Apesar da incerteza do rapaz, no entanto, a luta foi realmente simples, limitando-se a uma rajada do Tiro Guiado em um dos inimigos e a opção automática do Raigeki no segundo. O próprio Fei surpreendeu-se com o desfecho rápido da luta.
            _ Eu não sei como... Mas venci!
            Foi quando um riso rude e alto se fez ouvir à sua frente e o rapaz instintivamente ficou alerta, como se sua vida estivesse por um fio. Os monitores de Weltall encontraram sobre uma escarpa saliente no deserto um imponente Gear de bronze que ele achava já ter visto antes delineado ante a lua. E, no ombro dele, um estranho homem vestido de preto e com uma máscara estranha a esconder-lhe o rosto. Um homem estranhamente familiar que lhe falou com uma voz abafada:
            _ O desejo de seu sangue quente pela batalha não foi domesticado, pelo que vejo.
            _ Quem é vo...
            Foi quando um lampejo de memória pareceu acontecer. O homem não lhe era estranho.
            “Espere... eu sei! Eu conheço você! – pensou Fei – Foi você quem a matou!”
            Então ele percebeu que falava de alguém, mas não conseguia lembrar-se de quem. E o crucifixo tornou a agitar-se em sua mente, quase retinindo ao brilhar com a luz. Fei era novamente um menino, com uma expressão perplexa e manchada de sangue e uma sensação inequívoca de culpa, de que algo grave acontecera por sua causa.
            “Não... não fui eu. Foi culpa sua. Foi você, não eu, quem...”
            “Covarde.”
            Uma segunda voz estranhamente familiar falou em sua mente e o menino Fei levantou seus olhos. Havia uma silhueta escura à sua frente, parada, parecida demais consigo mesmo. Abrindo os olhos, Fei lembrou-se:
            _ Você... é o mesmo de... Lahan!!
            Citan procurou ganhar alguma distância, pensando ‘Aqui vamos nós de novo!’, e o homem no ombro do Gear revelou-se:
            _ Meu nome é Grahf... Aquele que busca o poder. Você com certeza mostrou quanto poder tinha naquele episódio em Lahan, não foi Fei?
            _ Quanto poder eu tinha? Do que está falando?
            _ Um poder maior... É do que eu preciso para cumprir minha missão. Enviei aqueles Gears para a sua terra como um catalisador para despertar o poder em você... Para fazer contato.
            _ Como catalisador?! Quer dizer que fez aquilo de propósito?!
            _ Isso mesmo – concordou Grahf calmamente – A morte das pessoas a quem amava, e a sua incapacidade contra o acontecido... A angústia, os gritos do seu coração, nascidos da tragédia... Estes foram os catalisadores para disparar seu poder.
            Fei nem percebera, mas Weltall estava em posição de guarda. O rapaz não se conformava com o que estava ouvindo.
            _ Quer dizer que atacou a minha vila só pra me fazer subir neste Gear?! Por quê? Por que o povo da vila teve que morrer?!
            _ Quem liga para o porquê! – retrucou Grahf com desprezo – Não faz diferença quantos deles morreram... Eram apenas vermes, apenas vivendo um dia depois do outro sem sequer cumprir seus destinos apropriadamente! E, por acaso esqueceu? Foi você quem destruiu a vila. Eu não ergui um dedo.
            _ Não!! Eu só estava tentando salvar a vila e seu povo! Eu nunca quis destruí-la!
            _ É mesmo? Com certeza você já ouviu? É a sua própria essência... A voz de seu desejo interior que clama pela destruição.
            _ Cale-se! Mesmo que fosse verdade, não foi você pra começar quem a provocou?! Se você não tivesse vindo, a vila não sofreria da forma como sofreu!
            _ Ah, então agora você recorre à acusação? Entendo... Parece algo que ‘você’ diria. Isso é bom. Sua natureza básica permanece inalterada.
            _ Desgraçado...
            Fei estava furioso. Então, ocorreu-lhe algo que o estranho dissera antes:
            _ Você disse que precisa do meu poder? O que pretendia fazer com ele?!
            _ Você sabe muito bem... É destruir... a deusa mãe...
            _ D-destruir Deus?
            _ Sim, vamos destruir Deus. É o nosso propósito... O nosso destino!
            _ Não seja ridículo! Eu não vou me envolver numa coisa dessas! Se quer destruir seu deus, ou seja lá o que for... faça isso sozinho!!
            _ Ha ha ha... Você se parece com o seu pai.
            _ Meu pai...? – aquilo pareceu jogar um balde de água gelada sobre Fei. De onde Grahf conhecia... – Meu pai? Você conhece o meu pai?!
            _ Aquele foi... um grito muito agradável. Eu fiquei enlevado por ele. Nada é mais belo do que um grito de morte.
            _ O que é que você fez com o meu pai?! O que houve entre vocês dois?!
            _ Hmpf, quer mesmo saber? Não há utilidade em deixa-lo saber agora.
            _ O quê?!
            _ Seu poder ainda está abaixo do necessário para os meus propósitos. Qualquer coisa imprestável deve ser testada até que se torne útil.
            Diante da incerteza de Fei com aquilo e do recuo de Citan, as areias agitaram-se com um comando de Grahf, e não demorou para que um enorme Verme da Areia se erguesse entre Weltall e a rocha onde Grahf e seu Gear estavam.
            _ O que, diabos, é isso?
            _ O que vai fazer, Fei? Se vai morrer aqui, que seja – disse Grahf – Você obviamente pode conseguir alguma felicidade em não saber. Mas, certamente, não é isso o que quer...? Se quiser saber a verdade... e é isso o que quer, não Fei... Então, é isso o que tem de fazer: deve me mostrar que alcançou o nível de força de que necessito. Para fazer isso, você deve destruir aos outros usando sua própria força! E então, vai conseguir tudo o que se perdeu em troca daquele grito de morte! Ha ha ha ha ha ha!
            Dito isso, Grahf e seu Gear de bronze decolaram. Fei queria que ele falasse mais, mas o Verme da Areia atacou Weltall com suas presas, sólidas e nascidas para abrir trilhas nas dunas de areia. Mesmo um Gear bem construído como Weltall podia ser danificado por aquilo e Fei não tardou a ver-se em maus lençóis e perdendo Grahf de vista.
            O verme enrolou as pernas de Weltall e derrubou-o, como uma enorme serpente. Fei procurou golpeá-lo, mas a pele do Verme da Areia era resistente demais para os ataques de Weltall naquela situação. Pior ainda, o verme subitamente agarrou-se às mãos de Weltall e cravou suas mandíbulas nas costas do Gear, e Fei percebeu que o monstro estava bebendo o combustível de sua máquina. Já ouvira antes falar de criaturas que retiravam o combustível de Gears que atacavam, mas nunca pensara que eles o bebessem. Pior ainda; se aquilo continuasse, Weltall em breve ficaria imóvel, sem que seu piloto pudesse se defender.
Por mais que insistisse nos comandos, no entanto, não havia como mover os braços ou as pernas do Gear e o verme continuava a beber. Maldito fosse aquele Grahf! E, no entanto, talvez o melhor realmente fosse terminar ali, da forma que estava. Não tornaria a causar calamidades como a de Lahan, e acabaria a necessidade de esconder Weltall...
            Mas havia mais nele, algo que não aceitaria morrer daquela forma. Ainda que o Gear estivesse preso e com cada vez menos combustível, a Máquina Amplificadora de Ether de Weltall continuava a funcionar, independente do combustível. Apenas a energia de seu Chi bastava para que aquilo funcionasse, e o verme não podia priva-lo dela. As mãos de Weltall estavam presas, mas Fei ainda pôde agarrar o pescoço do verme com elas e concentrou-se. No ato, o Gear começou a reunir energia diante de seus dedos.
            _ Tiro Guiado!
            Ao comando de Fei, Weltall libertou a energia acumulada num jorro de Chi que superaqueceu o pescoço do Verme da Areia e o combustível que fluía por ele, para dentro. Seguindo o rumo da sucção, o combustível inflamado seguiu até o estômago do monstro e explodiu lá dentro, encerrando a batalha.
            _ Fei! Fei, você está bem?
            A voz de Citan foi a primeira coisa de que Fei se deu conta depois de ter posto Weltall de pé. Respondendo meio que mecanicamente, ele abriu a cabine e desceu aborrecido.
            _ Estou ótimo... Mas o Gear parece quebrado...
            _ O Gear passou apenas por reparos temporários. Não foram feitos para sobreviver a uma batalha como aquela... Mas estou muito feliz que você esteja ileso!
            Fei não respondeu, permanecendo pensativo e de cabeça baixa, o que não passou despercebido a Uzuki. Antes que ele perguntasse, no entanto, dois Gears apareceram e os cercaram.
            _ Essa não! O exército de Aveh! Logo agora...!
            Citan estava bem a par da situação delicada em que estavam e disse devagar:
            _ Em primeiro lugar, Fei, temos que manter a calma... Hã?
            Fei continuava na mesma situação que antes, como se não tivesse visto os recém-chegados. As chamadas de Citan também não pareceram desperta-lo e tanto ele quanto o Dr. Citan e Weltall foram embarcados num Transporte de Areia de Aveh. 



A KNIFE HELD CLOSE BY YOUR SIDE...

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