Andei pensando em reduzir os episódios; parece que ficam meio grandes demais no blog. Bom, vou postar o capítulo cinco, e ver como fica. Mais novidades semana que vem.
E agora, que venha o capítulo!
Capítulo 5: Ataque no Deserto
Era uma
noite de tempestade violenta, que parecia terrivelmente familiar a Fei. Estava
em alguma mata desconhecida e tudo o que estava claro à sua volta era o mato
sendo agitado pelo vento e os relâmpagos furiosos no céu.
De repente,
ele sentiu três presenças poderosas. Virando-se na direção delas, o rapaz viu
duas auras vermelhas agressivas familiares e uma terceira aura, azul e nobre, diante
das duas. Apesar de não conhecer seu dono, ele parecia ainda mais familiar do
que os outros dois. O primeiro homem então falou e Fei reconheceu nele a voz
velada e a aparência assustadora de Grahf.
_ Vamos nos
unir, agora.
O segundo
homem, da aura azul, era obviamente um rival de Grahf e do rapaz que o
acompanhava. Sua postura de defesa era semelhante às de Fei ou Weltall, e ele
respondeu com voz firme:
_ Eu nunca
imaginei que estaríamos juntos novamente, desta maneira. Quão irônico...
Um trovão
soou à distância e Fei pensou ver um relance do rosto do homem: severo, de
bigode, o cabelo da mesma cor e preso à mesma maneira que o seu. O homem
parecia cansado espiritualmente, com a cabeça baixa. Mas seus olhos eram firmes
quando ele tornou a erguê-los, fitando o rapaz à direita de Grahf.
_ Mas eu
nunca deixarei que você fique com ele... Mesmo que eu tenha de morrer por isso!
O rapaz que
acompanhava Grahf tinha seu rosto meio encoberto pelos longos cabelos ruivos
desalinhados, como se o caos fosse parte de seu ser, e ele sorriu diante das
palavras do homem severo. Houve mais um trovão, e tudo desapareceu.
A próxima
coisa de que Fei teve consciência era de que a cama onde estava não lhe era
familiar, e que não estava sozinho. Citan o fitava com ar preocupado.
_ Como
está, Fei? Você dormiu bem?
_ Hã...?
Ah, bem... Ou algo assim...
_ Desculpe
eu ter confundido tudo, Fei. Fui muito descuidado, Aquele Gear é um modelo
experimental altamente secreto de Kislev... Era natural que Aveh também
estivesse procurando de forma tão afobada por ele.
Fei ainda
não reagiu e Citan notou nele a mesma atitude posterior à morte do Verme da
Areia, e isso não o agradou.
_ Está
ferido, Fei? Você não parece muito bem.
_ Bem... Acho
que você poderia dizer que eu fui ferido...
Citan
lembrou-se de tudo o que acontecera e tudo o que ouvira e indagou:
_ Aquele
homem de preto falou do destino do seu pai... É isso o que está errado?
Fei
concordou com a cabeça
_ É isso também – Fei concordou
com um aceno – mas... Também tem a outra
coisa que ele disse...
Citan
obviamente não entendeu e Fei explicou:
_ O que
houve em Lahan... Tudo foi planejado pra me fazer pilotar aquele Gear... Ou foi
o que ele disse. Isso me deixou preocupado.
_ Faze-lo
pilotar o Gear?
_ Antes de
a vila ser destruída, Doc, eu vivia sem duvidar de mim mesmo. Mas agora, tudo
está diferente. Eu... Não sei quem sou. Nunca me senti assim antes...
Citan
percebeu o estado de seu jovem amigo e pensou consigo mesmo, mas procurou
contornar a situação:
_ Bem, não
podemos fazer nada enquanto formos prisioneiros, mesmo que quiséssemos fazer
alguma coisa. Vamos descansar um pouco. Talvez isso tranqüilize um pouco seus
sentimentos.
Fei
balançou a cabeça em negativa. Ainda havia mais, Citan percebeu, e perguntou:
_ Está
preocupado com seu pai?
_ Tudo o
que eu sei é o que as senhoras na minha casa em Lahan me contaram... Uma noite,
um estranho mascarado me carregou até Lahan. Eu estava seriamente ferido
naquele dia. No meu delírio, chamei pelo meu pai... É tudo o que elas puderam
dizer sobre o meu passado. Não lembro de nada sobre o meu pai ou o meu passado.
Então, acho que não sou assim tão solitário ou triste... – então ergueu o rosto
e perguntou diretamente a Citan – Doc, por que eu não tinha percebido que não
tinha lembranças até agora?
Citan não
teve como responder a isso e Fei deitou-se, olhando para o teto enquanto
pensava. Isso deu a Citan espaço para colocar seus próprios pensamentos em
ordem:
“Era ele!
Sem engano nenhum... Isso não foi coincidência... Será que estamos nos
aproximando... da ‘Hora do Gospel’...?”
Em sua
mente, Citan Uzuki recordou-se de outra ocasião em outro lugar. Estava diante
de um trono que não parecia estar sobre qualquer tipo de piso, assim como a
plataforma onde o doutor estava. Uma figura ancestral de expressão cadavérica,
como uma caveira, confirmou:
_ Sim, ‘O
Gospel’. Nós somos o povo expulso do paraíso e forçado a viver na superfície
cruel da terra. Nós, que povoamos esta terra, retornaremos mais uma vez à
presença de Deus no paraíso e viveremos lá eternamente. Esta é a ‘Hora do
Gospel’. Esta hora está ao alcance da mão. Nós, os Gazel, devemos encontrar o
lugar de descanso de Deus para então ressuscitá-lo. Esta é nossa prece final...
_ Nossa
prece final? – perguntou Citan.
_ Nossa
prece final para fugir do ‘Destino’ que foi determinado em nossa gênese – respondera
o Imperador Cain. Ainda pensando profundamente, apesar de ser um homem da
ciência, Citan Uzuki olhou para o seu amigo, que olhava pela escotilha, e não
pôde deixar de sentir um calafrio.
“Majestade...
Isso é o fim...?”
Em outra
parte, um som de motores fortes também estava presente, embora modernos e
potentes abafadores de som estivessem em uso. Mas o rapaz gostava daquele
murmúrio. Era como se tudo à sua volta estivesse vivo na presença do som.
Olhando pelo periscópio, ele localizou o que procurava.
_ Bingo!
Como dizia o relatório... Um transporte de Aveh. E olhe o que nós temos em
cima...!
Um toque
rápido num botão e o periscópio aproximou a imagem. O transporte da areia ficou
bem mais visível, bem como o Gear negro sobre ele.
_ Sem
enganos! – comentou o rapaz, satisfeito – É um novo modelo de Kislev! Tem que
ser o Gear roubado de que todo mundo está atrás!!
O rapaz era
loiro, seu único olho fora do tapa-olho de pirata era azul e seus cabelos
longos estavam presos. Com ar de satisfação, ele tirou o rosto do periscópio e
comentou, para ninguém em especial na cabine de comando:
_ Seja qual
for o caso... Não podemos deixar aquele sujeito, Shakhan, ficar com ele... –
recolheu o periscópio e sua voz se tornou mais alta, assumindo um tom de
comando:
_
Artilheiro!
Pelo
intercomunicador na ponte, veio a resposta:
_ Torre A
‘Anton’ e torre B ‘Belta’ podem iniciar seus ectropômetros vinte segundos
depois de abrir suas escotilhas.
_ Franz! –
o rapaz voltou-se.
_ Não ouço
nada além do som da areia correndo... Nenhuma atividade de radar suspeita
detectada!
_
Marseilles! – chamou o rapaz, tomando posição junto ao leme.
_ As
unidades de Maitreya estão a postos nas catapultas. Serão capazes de lançar um
minuto depois de reemergirmos!
_ Bom.
Vamos lá, então!
Ele estava muito satisfeito. Como
de costume, sua tripulação funcionava como um relógio. Agarrando o timão, ele
declarou:
_ Estação de Batalha 1!
As lâmpadas
comuns se apagaram, substituídas pelas vermelhas do estado de alerta. Pelo
comunicador vinham as vozes de seus comandados:
_ Combate
de superfície, pronto!
_ Sala de
torpedos, pronto!
_ Armas
Anti-Gear, pronto!
_ Navegação
e Engenharia, prontos também!
Ele também
estava pronto. Atrás de si, a porta de acesso à ponte abriu-se e um idoso com
modos e roupas de mordomo entrou afobado, perguntando:
_ J-jovem
mestre, o que está havendo? Para quê todo este alarde...
Logo atrás
dele entrou outro rapaz, pouca coisa mais velho que o ‘jovem mestre’ e,
inclusive, com uma espantosa semelhança física em relação a ele. Tinha a mesma
cor no único olho e um tapa-olho a cobrir o outro, embora seu olho cego fosse o
direito e o do rapaz fosse o esquerdo. Seus cabelos eram brancos, bem como o
resto de suas roupas, e ele pareceu desanimado ao perceber o que estava
havendo:
_ Ah, de
novo não...? Jovem mestre, espere um segundo!
O rapaz
loiro pareceu nem ouvir, com as mãos firmes no timão e ainda comandando:
_ Todos,
estações de batalha! Navegação de superfície, comecem a operar a bomba de
areia! Preparar para disparar canhões de estibordo assim que emergirmos!
_ Jovem
mestre!! – chamaram os dois recém-chegados às costas dele, sem sucesso, pois
ele continuou:
_ Direto
para a direita! O vento está forte lá em cima e podemos perder o equilíbrio com
ele! ... Jerico! Me entregue o leme!
O comando
da navegação foi passado para o timão principal, e o ‘jovem mestre’ assumiu o
comando. No transporte de Aveh, Citan e Fei viram algo pela escotilha de sua
cela: como uma grande baleia da areia, um veículo enorme de metal prateado
apontou para fora das dunas, desenterrando seu nariz para depois saltar
imponente para a superfície, e Citan admirou-se:
_ Um
cruzador de areia... Devem ser aqueles piratas do deserto!
O cruzador
corria paralelo ao transporte agora, seus canhões voltando-se na direção dele.
Uma salva de tiros começou então, enquanto uma voz soava na ponte de comando:
_
Alternando fogo entre ‘Anton’ e ‘Belta’! Calculando ajustes!
O rapaz deu
um brado de satisfação; tudo estava indo perfeitamente.
_ Alternar
modos entre as salvas depois dos tiros iniciais! Vamos atrasa-los. Preparem-se para dar
neles uma surra que eles jamais esquecerão!
_ Jovem
mestre, por favor espere! – interveio o mordomo – Pode ser apenas um navio de
requisição, não uma fragata de guerra...
_ Deixe que
eu cuide disso – ele retrucou – Seja ou não um navio de guerra, está levando um
Gear novo! Artilheiro! Pegue eles!
E mais uma
salva de tiros começou. Em sua cela, Fei e Citan sentiram o tremendo abalo e
também viram sua cela inclinar-se para a esquerda depois do segundo abalo.
_ A julgar
pelo ângulo... – comentou Citan, preocupado – me parece que um disparo
explosivo fez um buraco no casco. Provavelmente vamos afundar em minutos.
_ Em
minutos...? Doc!
Citan
correu para a porta, mas ela não abria.
_ Está trancada... Alguém nos
liberte!
Como que
para responder aos gritos do catedrático, mais um disparo fez o transporte
estremecer e a porta abriu-se para dentro, deixando muita areia entrar consigo.
Tomando a frente e esforçando-se para ultrapassar o fluxo da areia, Fei disse:
_ Vamos
cair fora daqui, Doc!
Citan
indicou o fim do corredor, desaparecendo depressa sob a areia, onde uma escada
conduzia para o nível superior. Mais do que depressa ele e Fei rumaram para lá,
com dificuldade devido à areia, mas esforçando-se para seguir em frente. Por
fim, conseguiram agarrar-se aos degraus e escalaram a parede até o piso
seguinte.
A situação
dos motores era irreversível Havia fogo e areia por toda a parte e Citan disse:
_
Precisamos chegar ao convés de qualquer maneira! O incêndio vai causar
explosões menores que vão abrir mais buracos no casco e aumentar a entrada de
areia até que tudo isso desapareça! Precisamos encontrar Weltall e sair daqui
antes disso!
E eles
subiram tão depressa quanto foi possível, com as explosões à sua volta apenas
aumentando o calor e diminuindo o ar respirável enquanto a areia continuava a
entrar e o piso de metal ficava mais e mais aquecido, já começando a ruir em
alguns pontos. Por fim, em meio à subida difícil e aos soldados e recrutas de
Aveh que os dois encontraram em meio à subida, confusos demais com tudo e ainda
tentando recapturar os dois, Fei e Citan conseguiram alcançar o convés do
transporte. Ao sair para o ar exterior, no entanto, Fei percebeu que estava
sozinho.
_ Doc? Onde
é que você está, Doc?!
_
Acalme-se, Fei. Estou no controle do guindaste – soou a voz de Citan por um
fone do convés – Eu vou move-lo até o cockpit de Weltall. Aproveite e escale o
guincho para alcançar a cabine, depressa! Estamos afundando muito rápido!
_
Entendido, Doc! Mas, quando tiver terminado aí, procure se apressar, tá?
O guincho
moveu-se até onde o Gear estava e Fei procurou escalar como podia. Com esforço,
ele conseguiu chegar até o cabo de aço que descia até a entrada da cabine de
Weltall e não conseguiu reprimir um comentário pensativo ao olhar para o Gear
que afundava lentamente:
_ Aí vamos
nós de novo... Parece que você e eu estamos destinados a ter um relacionamento!
Citan
esperava no alto do convés quando Weltall aproximou-se, já sob o comando de
Fei. Sem tempo para abrir a cabine, o rapaz estendeu a mão do Gear e, assim que
Citan subiu, ativou os jatos e saltou para longe do transporte que afundava. Pousando
nas proximidades, ele deixou que Citan descesse antes de perguntar:
_ Você está
bem, Doc?
_ Bem, Dr.
Citan Uzuki! – riu o outro, inclinando-se para a direita e a esquerda – Parece
que você sacudiu suas saculas e apertou seus utrículos o suficiente para uma
vida! Uau!
_ Desculpe
por isso, Doc – lamentou Fei – Eu não tive tempo de abrir o cockpit...
_ Fei, eu
só estava brincando. Andar na mão não foi tão ruim. Posso dizer isso ao ver
como você maneja bem uma máquina experimental altamente secreta.
_ É, por falar nisso, quando eu o liguei,
começou a fazer todo o tipo de coisas sozinho... O sistema de resposta
ambiental e a navegação de redução de peso dispararam... Automaticamente! –
comentou Fei, olhando surpreso para o painel diante de si.
_ É
mesmo...? Isso é fantástico...!
Foi quando
ambos ouviram uma voz desconhecida, vindo de trás deles:
_ Salvam a
si mesmos, mas deixam seus amigos afundarem num mar de areia... Não acreditam
em camaradagem, não?
Citan e Fei
se voltaram para ver quem falava e depararam com um Gear vermelho e alto
rodeado por outros dois Gears menores. O cruzador de areia pirata aparecia ao
fundo e o que mais chamou a atenção de Fei foi o fato do Gear vermelho ter um
tapa-olho sobre seu visor esquerdo. Fora dele que viera a voz que ouviram, e
que tornou a falar:
_ Não é
muito humano de vocês dois deixarem seu pelotão morrer enquanto fogem num Gear,
sabiam?
Os outros
dois Gears se afastaram a um gesto do Gear alto e Fei percebeu que ele estava
se preparando para lutar. Apesar de se colocar prontamente em guarda a bordo de
Weltall, ele ainda tentou explicar:
_ Espere um
momento! Nós não somos soldados de Aveh!
_ Hm – fez
o pirata – Não pode fazer um apelo melhor pela sua vida? Vocês saem de uma nave
de Aveh e dizem que não soldados de Aveh! Sem essa de tentar me enganar!
_ Eu estou
dizendo, é verdade!
_ Tsk. Como
pode ser tão patético? – perguntou o entediado pirata – Mesmo que seja o mais
fracote dos soldados, que tal mostrar um pouquinho de audácia e me dar uma luta
decente?
_ Pare com
isso! – Fei se lembrava de Grahf e do que acontecera em Lahan, e temia que o
Gear ou ele próprio tornassem a sair do controle – Eu estou dizendo que não sou
um soldado! Eu não quero lutar!
_ De virar
o estômago...! Por que não pára de resmungar, sai do Gear e foge de uma vez?
Para
enfatizar a idéia, o pirata investiu com o Gear vermelho e atacou com os
chicotes embutidos em seus braços. Apesar da surpresa e de realmente não ter
amores por Weltall ou coisa do tipo, Fei não pretendia simplesmente sair como o
outro sugeria; quando o primeiro chicote caiu, Weltall moveu-se para a esquerda
e evitou o golpe com a mão. O segundo golpe foi devidamente bloqueado pelo
antebraço de Weltall, que recuou e tornou a parar em postura de defesa. Fei e seu
Gear não haviam sofrido um único arranhão, o que não deixou de surpreender o
pirata.
_ Pra
alguém que não quer lutar, você é bem poderoso... – mediu o Gear negro à sua frente de alto a
baixo, e comentou – Já entendi... Um modelo pra qualquer terreno, hein? Agora é
que eu o quero mesmo!
Cobrindo
seu rosto com os punhos, o Gear vermelho revelou o único visor livre de repente
e um clarão atingiu Weltall. Fei reconheceu nisso um ataque de Ether como o seu
Tiro Guiado, e percebeu espantado que a câmera de Weltall estava defeituosa.
Diante da surpresa, ele não teve como impedir que o ataque seguinte do chicote
do Gear vermelho o derrubasse. E a voz metálica soou pela cabine:
_ Aviso:
ataque de Ether do inimigo comprometeu visores e movimentação desta unidade.
Sistemas de auto reparo trabalhando, tempo estimado de recuperação: quarenta e
três segundos.
_ É tempo
demais pra esperar. Muito bem – e procurou ficar de pé, movendo a alavanca de
combustível para o modo ‘turbo’ – Vamos agüentar até lá!
Com a aceleração,
Weltall superou a lentidão causada pelo ‘Sorriso Selvagem’ do pirata e reagiu
instintivamente, ouvindo com atenção o movimento do Gear vermelho. Golpeou uma
vez à esquerda às cegas, encontrando o vazio; um segundo golpe à direita também
não encontrou nada e Weltall foi atingido por trás pelos chicotes do outro.
Mais do que depressa, Weltall voltou-se e agarrou os cabos dos chicotes,
puxando o Gear vermelho para si e atingindo-o com o pé, derrubando-o.
O pirata
ficou surpreso. Depois do ataque de Ether, o outro deveria ficar cego por algum
tempo; deveria estar cego até então, mas conseguira agarra-lo e derruba-lo, e
sem dúvida o golpe certeiro acrescentara um ‘Nível de Ataque’ em sua máquina.
_ Até que
esse cara não é ruim... – sorriu ele, movendo seu Brigandier para deixa-lo de
pé – mas vamos ver se ele gosta disso!
Todo o Gear
de combate acumulava energia para golpes mais potentes em modo automático, o
que era chamado ‘Nível de Ataque’. Era como o golpe Raigeki que Fei descobrira
durante a luta com o Rankar, mas o Brigandier do pirata também tinha seus
recursos. Enquanto os monitores de Fei estavam quase normalizados, Weltall foi
atacado pelo Nível 1 do pirata.
_ Chicote
em Cadeia!
Ainda
avançando, o Gear vermelho girou sobre si mesmo e seus dois chicotes atingiram
Weltall num único movimento, para caírem novamente sobre ele depois. A perda do
equilíbrio fez o Gear de Fei cair sobre um dos joelhos, mas sua visibilidade
voltara e novamente ele e o Gear agiram como um só. Diante da surpresa do
pirata que já julgava a batalha vencida, Weltall ficou de pé, evitou um
contragolpe dele abaixando-se e subiu de repente, pegando sua cabeça
desprotegida com um soco por baixo em gancho, o que jogou o Gear vermelho para
trás e no chão de forma pesada.
Só depois do movimento Fei se deu
conta do que fizera, movendo Weltall de forma eficiente e fluida como se fosse
o seu próprio corpo, e a voz metálica do painel tornou a dizer;
_ Nova
seqüência de ataque automático registrada, e transferida para o banco de dados.
Denominação ‘Reppu’.
O quê? Fei
não se lembrava de dar qualquer nome que fosse... De ter adicionado nada. Mas
tudo isso teria que esperar pois, com a queda pesada do Gear vermelho, as
areias por toda a parte começaram a tremer mediante a surpresa de Fei e o
aborrecimento evidente na voz do pirata.
_ Essa não!
Isso não é nada bom! – tanto Weltall quanto Brigandier começaram a afundar
depressa na areia e o pirata praguejou – No calor da batalha, fiquei preso na
areia movediça! Logo eu, de todo mundo...! Isso é tudo culpa sua!
_ O quê?
_ Cara,
você vai levar mais tarde. Então, se prepara!
Mas, com ou
sem reclamações, nenhum deles teve como evitar que a areia tragasse a ambos e
os dois Gears desapareceram nas areias.
Fei não
podia acreditar que ainda estava vivo. Depois de afundar, Weltall acabara
ressurgindo em um amplo salão natural por onde areia entrava em filetes vindos
do teto, e não era completamente escuro.
_ Ei, desce
aqui um pouco! Eu não vou te matar!
Ele
procurou pela voz e viu, pelos monitores do Gear, que o Gear vermelho estava
logo ao seu lado e o piloto descera. Estava chamando-o lá de baixo e Fei
resolveu descer também. Queria mesmo ver o tipo de pessoa que o fizera parar
ali.
_ Escuta,
tudo o que eu quero – o outro estava falando lá embaixo, enquanto Fei abriu seu
cockpit e desceu – é que você deixe este Gear...
O pirata
silenciou subitamente ao ver o rapaz civil diante de si e recuou, visivelmente
surpreso.
_ Ei... Você
não é um soldado de Aveh!
_ Eu disse
isso antes, durante a minha transmissão pelo intercomunicador – disse Fei com
uma voz de poucos amigos – Foi você quem se recusou a me ouvir, certo?
_ Ha ha ha!
Desculpe por isso! – o pirata concordou, levando a mão à cabeça e rindo sem
jeito – É, acho que eu me lembro de você dizendo algo assim. Eu saí todo
disposto e achei que você era o inimigo!
Fei
continuava aborrecido. Aquele sujeito parecia um moleque! Ainda sem jeito, o
pirata estendeu a mão e apresentou-se:
_ Hã,
aham... O meu nome é Bart. Eu sou o pirata que age neste território.
_ Meu nome
é Fei – respondeu ele, apertando a mão do outro – Eu fui preso sem razão
aparente, empurrado pra dentro daquele transportador de Aveh e estava prestes a
ser mandado pra um campo de concentração até você aparecer e explodir a coisa
toda em pedaços. Seja como for... Estou feliz de ter conseguido sobreviver.
_ Sei... –
Bart olhou para cima, curioso, para Weltall – Bem, estou grato por ter podido
ajudar pelo menos um pouco. Mas eu não esperava que um civil como você pudesse
estar de piloto de um Gear militar. Além disso, esse Gear deve ser um modelo
zero quilômetro. Eu nunca vi este tipo antes.
_ Vamos
apenas dizer – respondeu Fei, baixando a cabeça – que um bocado de coisas
aconteceu. Não é como se eu quisesse pilotar ou coisa assim.
Bart
continuou olhando admirado para Weltall e Fei resolveu dar vazão à sua
curiosidade:
_ E,
afinal, onde é que nós estamos? Parece que caímos num lugar bem estranho. Eu
nunca ouvi falar que existisse uma caverna de estalactites tão grande quanto
esta sob o deserto.
_ O quê?
Você não sabe de nada, não é? – perguntou Bart com ar convencido – De onde é
que você é? O deserto só cobre cerca de 1000 sharls da superfície do planeta. O
estrato subterrâneo consiste de rocha ígnea.
_ De um mar
de árvores para um mar de areia – comentou Fei, desanimado – e agora, uma
caverna de estalactites... O que vem depois?
_ Do que
está falando?
_ Ah, nada.
Deixa pra lá.
_ Que seja.
Nós estamos em apuros. Veja – e Bart apontou para o alto – O buraco por onde
caímos desapareceu. É melhor encontrarmos outra saída. Então, que tal uma
trégua por enquanto? Pelo menos, até acharmos uma saída e escaparmos daqui.
E novamente
estendeu a mão, que Fei tornou a apertar.
_ Tá... Eu
concordo. E é melhor irmos andando.
No deserto
acima deles, os últimos sobreviventes do transportador de Aveh estavam sendo
recolhidos a bordo do cruzador de areia. Apesar de alguma hostilidade para com
os piratas que os recolhiam, todos achavam melhor a prisão do que ficar à
deriva no deserto. Não havia nenhum ferido grave pois, a despeito de odiarem
Shakhan, Bart e sua tripulação evitavam tanto quanto possível ferir gente
inocente. Junto ao timão externo, Citan acompanhava os procedimentos de resgate
ao lado do imediato de Bart.
_
Entendo... Significa que o seu ‘jovem’ não sai apenas atirando em tudo e em
todos, Sigurd.
_ Isso
mesmo – concordou o outro – Na verdade, ele calculou este ataque... Ou é o que
ele diz! De qualquer forma, como pode ver, ninguém morreu desta vez.
Um dos
Gears menores que acompanhavam o Brigandier de Bart veio ao cruzador e relatou
então:
_ Sigurd,
senhor! A coleta de artigos e soldados do transporte de Aveh está quase completa.
Ainda não conseguimos localizar o jovem mestre... O pelotão do General Maitreya
vai procurar mais uma vez.
_ Certo.
Estou contando com vocês.
_ Sim,
senhor. Já que sou parte da unidade, também devo pedir licença e ir.
E decolou
novamente rumo ao deserto. Curioso, Citan perguntou:
_ Então, o
que houve com este ‘jovem’ que você chama de mestre?
_ Ele caiu
numa caverna subterrânea juntamente com aquele outro sujeito no Gear. Foi perto
de uma velha área de escavação, então ele provavelmente vai conseguir sair de
alguma forma... Nós tentaremos achá-lo e, se não der certo, vamos esperar por
ele no nosso ponto de encontro.
_ Parece
que você confia muito nele... – observou Citan.
_ Confiar
nele... – retrucou Sigurd, com ar de dúvida – Sim, eu confio que ele vai nos
colocar em apuros.
Deixando
isso de lado, Sigurd voltou-se para o velho amigo e comentou:
_ Mas eu
nunca imaginei que encontraria você aqui, ‘Hyu’...
_ Isso não
é coincidência... É uma conseqüência inevitável, eu presumo.
A voz de Citan
deixava algo subentendido e Sigurd perguntou com ar preocupado:
_ Hyuga... Está
dizendo que algo está para acontecer?
LIKE A PROUD WOLF ALONE IN THE DARK
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