quarta-feira, janeiro 2

CONTINUE...?

Segundo dia, primeiro post do ano! Fala gente que lê, saudações do Louco!

Num dos posts antigos eu comentei da tristeza alegre que rola quando um escritor chega finalmente ao final (redundante, sim; e daí?). A quem não tem amigo escritor pode ser um choque, mas na verdade a gente tem muita dificuldade pra terminar uma história; o começo é empolgante, mas sempre rola uma idéia no meio e a gente acaba largando. Só os realmente sérios, determinados ou teimosos feito porta conseguem efetivamente terminar aquilo que começam.

Mas adivinha? Por vezes o que se escreveu vendeu bem pra caramba; por vezes, você se descobre sentindo uma falta desgraçada do que escrevia naquele cenário, e gostaria de voltar. E aí rola a pergunta inicial, como nas antigas máquinas dos arcades - mas sem aqueles dez segundos pra colocar a próxima ficha. Trazendo a pergunta Sequência, sim ou não?

Sendo da privilegiada geração crescida nos anos 80 (música boa, programação com alguma inteligência na TV, estações de ano bem definidas...), tive a chance de ver N filmes de terror cujos protagonistas sempre achavam uma brecha pra voltar num próximo filme, não importando quão definitiva fosse a morte que sofressem - Jason Vorhees, de Sexta Feira 13, foi morto com uma machadada no terceiro filme da série e, do quarto em diante, a única lembrança disso era a marca em sua máscara de hóquei. Mas ele continuou vindo assombrar Crystal Lake de novo, de novo e de novo. Freddy Krueger, mesmo tendo mais personalidade (ele era o Coringa dos filmes de terror, na minha opinião. Perigoso, sim, mas muito engraçado ^^), teve menos filmes de sequência. Ainda assim, por mais que morresse, ele parecia sempre conseguir voltar, mesmo depois do sexto filme em que, teoricamente, a filha dele o matava em definitivo. E, ao contrário do Jason, ele ganhou uma roupagem anos 2000 recentemente... embora pareça não ter emplacado tão bem quanto antigamente.

E será que vale a pena? A história não devia terminar depois da primeira vez? Se uma sequência vale a pena, até onde se deve esticá-la? Bem, minha resposta mais óbvia seria, 'até matar a vontade'. A gente sente falta dos personagens, e trazê-los de volta é como rever velhos amigos, mas se a coisa toda é um capricho, pra matar a saudade... então, a sequência não deveria durar mais do que o necessário pra ficar satisfeito. Afinal, se o poder de autor traz esse tipo de vantagem, também traz a obrigação de devolver os personagens ao descanso de forma satisfatória.

Por si só, isso é um problema. Terminar a história direito precisa de disciplina e dedicação, ao menos tanto quanto se tinha ao começar; continuar com ela, depois do final, deve precisar do dobro. Seus leitores já sabem o que esperar do universo e dos personagens ali apresentados, o que já nos coloca em desvantagem ao começar; o fator surpresa, um dos maiores trunfos de qualquer escritor, praticamente não tem força. E aí, vale mesmo a pena?

Acho que a resposta vai ficar em aberto; não tenho a menor idéia. Mas eu perguntaria a qualquer um, disposto a encarar: você tem vários outros projetos em andamento, ou em vista? Aguenta levar a sequência adiante? Vai mesmo dar um fim nela? E, caso a resposta a todas seja sim, quantas sequências mais em cima desse mesmo tema ainda acha que vão rolar? O mundo moderno é cada vez mais impaciente, principalmente com histórias longas; basta ver quanta gente diz que não vai assistir O Hobbit porque transformaram aquele livrinho de pouco mais de duzentas páginas em três filmes. Digo, a perda é deles, claro; o primeiro filme foi bom o bastante pra eu ir ver duas vezes no cinema, mas as pessoas têm cada vez menos tempo pra cuidar da própria vida, divididos entre família, namoro, trabalho, estudo e sabe Deus o que mais. Os filmes do Shrek, que de acordo com uma amiga foram programados pra serem quatro, não conseguiram segurar o público até o final, mesmo o primeiro e o segundo sendo fenomenais - e o segundo superou o primeiro! Eu admito que não achava possível.

Carregar uma sequência é uma responsa que pode esmagar o autor sob ela - ou ele simplesmente vai largar de lado no meio do caminho, também. Por isso eu francamente recomendaria terminar a história e deixar ela ali, quietinha, recomendando pra leitores novos, mas finita. Uma boa história 'precisa' ter começo, meio E fim; caso contrário, vira quadrinho americano de super-heróis que não morrem... e cara, quão heróico dá pra ser quando não importando o risco que se corra, você sempre acaba voltando? Digo, o Jason fazia isso, o Freddy também, mas eles eram vilões desde o começo, então tudo bem...

Dá muita pena dizer adeus aos velhos amigos e ao universo inteiro que você criou pra eles. Mas me dá ainda mais pena trazer eles de volta e largar na metade do caminho. Se não tiver certeza de que aguenta carregar por uma nova história inteira... deixe lá onde ficaram. Melhor seus personagens saírem do palco enquanto ainda estão por cima, certo?

Forte amplexo do Louco - que pode até trazer de volta, mas só se for na coletânea que eu quero fazer ^_^

3 comentários:

Ana Paula Carneiro disse...

Hum...boa, Louco "o quão heróico se pode ser qdo não importanto o risco que se corra, vc sempre acaba voltando ?" Bom, acho que em termos de valor artístico sequência não tem quase valor algum - a não ser que tenha sido planejada para tal como a primeira -e considera ÚNICA - trilogia de Star Wars. O resto é resto. Agora, enquanto a máquina de fazer doidos que é a indústria do entretenimento pedir, as sequências, as histórias requentadas vão espoucar. Foda é que assim não dão chance pra florescer novas histórias e autores...

Ana Paula Carneiro disse...

Curtiu meu avatar ? É o Matt Smith. Eu amo esse compridão inglês.

Louco disse...

É o 'Dr. Who', certo? ^^ Quando posso assisto na Cultura. Uma série muito interessante, tennyou ^^

Acho que, pra aqueles autores raros que 'gostam' mesmo de escrever, tenha-se lucro nisso ou não, uma sequência é bem a forma de rever os velhos amigos mesmo, Ceres-san. Mas como eu disse, terminar de forma decente a primeira vez já é difícil; uma sequência, então, é só o jeito legal de ver o que eles andaram fazendo no espaço de tempo. Passada a surpresa, fica meio difícil manter o público interessado.

E não é mesmo? Thor mencionou uma vez, um herói sem o dom da morte 'é só um marionete, preso sem o dom do verdadeiro valor'. Pobre coitado, sendo personagem da Marvel ele agora não pode morrer enquanto não deixar de ser lucrativo... -_-'

Forte amplexo, cara amiga tennyou, e grato pela visita! ~_^