segunda-feira, abril 23

ANTAGONISTAS


Olá, pessoas blogueiras (vivo dizendo que não faço facebook pq isso decretaria o fim da instituição; tudo ao qual me afilio é substituído por alguma novidade tecnológica... e convenhamos que faz tempo que nada desbanca o face)! Pra todos aqueles que leiam, lerão ou já leram, saudações do Louco!

(e pra quem não sabe a diferença, se ainda vão fazer, no futuro, é 'lerão'. Se usar 'leram', quer dizer que já aconteceu, passado. E não, não riam, quem já sabe; tem muita gente nova que não tem idéia)

Eu costumo escrever voltado pro pessoal que curte ficção fantástica, just like me. Mas pra quem não curte, preferindo um foco mais voltado à realidade, tem pelo menos um ponto em comum, e é dele que falo hoje; Inimigos.

Once upon a time, quando eu ainda era garoto (nos idos anos setenta, ou seja, uns quatro anos atrás), os vilões e vilãs de desenhos, novelas, filmes e o escambau eram absurdamente óbvios, daqueles de vc ver fazendo um social com o mocinho ou mocinha no começo e começar a gritar na frente da tela, sem entender como eles não viam o que era claro pra nós, que aquela pessoa tava ali pra causar. Sei lá se era por causa do Estilo Disney (preste atenção nos desenhos da Disney; eles ainda usam essa fórmula chamada 'sua maldade está na cara'), que era moda na época, mas tudo o que eu lia ou assistia era assim. Na maioria, as coisas mudaram atualmente.

E é algo pra se levar em conta. Claro, alguns vilões são, como Alfred tão bem descrevem em Batman, o Cavaleiro das Trevas, gente que simplesmente quer ver o circo pegar fogo (Bruce tá tentando entender a motivação do Coringa, e o bom mordomo o desencoraja), e dá pra fazer um vilão que preste sem motivação nenhuma... mas francamente, não me parece uma boa, no geral.

Aquela criatura caótica na maioria das vezes vem bem disfarçada. Tem algum rancor antigo que faz se voltar contra seu personagem principal, ou até contra o mundo todo. Mas um vilão dos bons (digo, dos maus, digo... bem, um convincente, que seja) deveria ter uma boa motivação, querer alguma coisa mais do que trocar golpes, farpas ou até tapas na cara com seu personagem principal. 

Dr. Garra, de Inspetor Bugiganga? Nos desenhos, aparentemente, ele só queria dar um fim no herói (lesado). Esqueleto, do He-Man? Queria entrar no Castelo de Grayskull ('Crânio Cinzento', por isso aquela caveirona na entrada. Eu pensava que era 'Glasgow' quando era guri, só porque era a única palavra que eu conhecia cujo som parecia com isso), supostamente porque queria mais poder. Vingador, da poderosa Caverna do Dragão? Bom, aparentemente ele queria as armas mágicas pra dominar Tiamat, perder o último medo que tinha e dominar o reino. Nem todos tão bem motivados, claro, mas ei, eles 'queriam' alguma coisa. Tem quem possa achar que não basta; recomendo uma olhadinha naquele episódio do 'Cemitério dos Dragões'; o Vingador tava puto da vida, disposto a dar mesmo um fim nos garotos, e disposto a sujar as próprias mãos pra isso - diz que deu o maior rolo lá nos States; sabe como é, bombardear outros países tudo bem, mas um vilão que 'queira' vencer dá censura. Uma das coisas que me faz perguntar o que é 'normal', quando me sugerem a palavra...

E mais, que tal um vilão carismático? Alguém que, por mais que vc odeie, no fundo também inspire alguma piedade? Sério! Não consigo lembrar que novela era, mas era uma das novelas das sete (em época que eu ainda prestava alguma atenção a elas). Acho que foi a Letícia Spiller, de cabelo tingido de preto e cortado curto, tendo José Wilker como pai, que fez uma das melhores vilãs nesse ponto. Fazia de tudo pra destruir o pai, destruía ele nas discussões que tinha e aparentemente não gostava de nada, nem dela própria... mas tinha um ponto fraco, o mino de quem gostava. Ela mantinha a atitude de 'me venerem' com todo mundo, mas quando o cara tava por perto e dava uns coices nela, pra ela deixar de ser mala, a menina fazia uns olhinhos de 'me pega no colo' que davam pena, de verdade - por mais que você quisesse dar umas voadoras nela depois, quando tornava a esnobar até o próprio pai. Claro, Alanis Morrissette cantando That I Would Be Good, como tema internacional dela, ajudava ainda mais a vontade de catar e por no colo.

Lendo Hikaru no Go faz pouco tempo, eu vi eles falando da lendária 'Jogada de Deus', e um jogador veterano menciona que são precisos dois jogadores talentosos pra isso; um só gênio não basta. Bem, levem isso em conta quando escreverem. Seus heróis e heroínas podem ser grandiosos, lendários, inesquecíveis... mas pra tanto, devem precisar de um oponente à altura. Alguém que dê trabalho, alguém que se possa odiar de paixão, que você jure que vai quebrar a cara se um dia cruzar com ele na rua... e também, que faça valer a pena o que quer que seu herói ou heroína tá querendo. Se tudo for fácil, sua história perde a graça. Pela enésima vez eu digo, a vida dos personagens 'poderia' ser mais fácil, mais legal, e nós autores temos o poder de fazer isso quando quisermos. Sim. Mas ao fazê-lo, tiramos deles o que os torna interessantes. Por menos que se goste de admitir, ninguém vai querer ler sua história, ou ver o seu filme, se nada de extraordinário ou arriscado acontecer com seus protagonistas.

Experimente, se duvida. E me mande, que eu leio e comento depois.

Forte amplexo do Louco - que perde o pique e os amigos, mas tenta não perder a piada

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