quarta-feira, setembro 7

LUZES... CÂMERA...

Olá, pessoas que lêem! Aproveitando a folga do feriado (sem o qual já estaria a caminho do serviço), saudações do Louco!

Antes de mais nada, vai um comentário de algo que parecia óbvio, mas não me toquei até um amigo mencionar. Meu livro recentemente lançado (que legal dizer isso ^^) é aberto a todos os públicos, mas tem um foco mais infanto-juvenil em diante. A todos os fãs de ficção fantástica com reinos, cidades antigas e magia, eis uma chance de ver esses elementos misturados com ciência avançada. A todos os que jogam videogame, ou RPG (de mesa, não de medicina...), eis a chance de ver um típico ambiente deles em forma de história. A quem gosta de outras coisas... pode ser a chance de começar a gostar desses temas!!! Te desafio ^^

Tá, e agora o tema do dia. Falando com uma amiga sobre livros que lemos e não lemos, me toquei pra uma coisa que pode acabar nem sendo notada, mas faz uma pusta diferença às vezes; A Posição da Câmera.

Tio King (que, pra quem ainda não se tocou, me impressiona um bocado com as sacadas de autor dele) menciona em It a habilidade de um escritor em fazer mais do que contar a história. Digo, qualquer pessoa conta uma história; os tiozinhos bêbados no bar no final da tarde têm um monte de história pra contar! A habilidade do escritor, ou do verdadeiro contador de histórias, tá em mexer com a imaginação de quem tá lendo, a ponto de tornar a leitura mais excitante que qualquer filme ou história visual possa ser. Isso, porque a história visual dá forma pra tudo o que é narrado/transmitido; a narrativa escrita, ou bem contada (como as histórias maravilhosas em Baú de Histórias, na Rede Cultura), usa o poder da imaginação da própria audiência pra colocar o ouvinte/leitor dentro da historia, vivendo a situação, sentindo o que o personagem sente... e podem dizer o que quiser, mas nada é mais poderoso ou impressionante do que a idéia da mente de cada pessoa a respeito do que tá lendo, ou ouvindo.

Todas as pessoas são diferentes. Cada uma tem opiniões diferentes sobre o que pode ser excitante, assustador ou engraçado. Uma imagem 'pode' valer mais que mil palavras, mas será que tem o mesmo efeito? Lembro de quando lia A Hora do Vampiro do tio King, e Ben Mears lembra de ter entrado na casa assombrada de Salem's Lot. Ele lembra com tanta clareza que você se na lembrança, como se fosse ele, andando pelo corredor poeirento, vendo a maçaneta mais gasta só onde as pessoas tocavam pra abrir a porta, e subindo a escadaria rangendo enquanto tá com medo, e atraído ao mesmo tempo, até chegar ao quarto fechado (com a porta meio aberta, naquele dia), onde o dono anterior da casa foi encontrado enforcado... e onde ele parecia estar, pendurado e meio apodrecido, e onde ele abriu um dos olhos pra olhar pro menino curioso.

Eu tava lendo numa manhã ensolarada, no quintal, perto do meu cachorro e não tava sozinho em casa. Mas, por aquele momento, tudo parecia que tava em silêncio ao meu redor. Por um momento, eu estava dentro da casa, e era o garoto curioso. 'Isso' é saber mexer com a imaginação.

Enquanto conta uma história, você controla o que está sendo lido/ouvido; então, é um ótimo recurso pra história ficar interessante. Você dizer que 'a luta demorou quase uma hora, e foi épica' dá algum espaço à imaginação; dizer coisas do tipo 'a espada desenhou um arco brilhante, detendo-se apenas na lâmina do oponente, ambas lançando centelhas para todos os lados enquanto as determinações de ambos colidiam' coloca a visão do leitor num lugar mais importante, porque é a imaginação de quem lê que vai desenhar a cena. E não posso falar por todo o público mas eu, enquanto leitor, realmente preferiria ver a segunda descrição; dá mais vontade de ler de novo, pelo menos.

Claro, isso não deve ser confundido com exagero na descrição. Ouvi muitas vezes que o Senhor dos Anéis era chato, e depois que o entusiasmo de fã diminuiu eu entendi por que: Tolkien criou um mundo rico e bonito, e fazia questão de que todos os leitores vissem o que ele via. O problema é que um único parágrafo descritivo pode ser muito chato, se for longo demais. Três ou quatro, então, tornam a coisa tremendamente cansativa. Quer descrever 'mesmo' o cenário, com riqueza de detalhes e sem chatear? Vá de parágrafos curtos, e descreva de forma resumida, mas detalhada, o que você tá vendo, o que te causa mais impacto.

Cena de guerra? O que você esperaria ver? Sucata de máquinas pegando fogo, gente ferida gemendo, ou mortos, de uniformes mistos - os dois exércitos costumam ter baixas, o silêncio quebrado só pelo vento que sopra, onde até então havia gritos, tiros e talvez explosões... Cenário de terror? Sombras assustadoras, talvez o som enervante de passos de alguém que não se enxerga, corredores estreitos e a clássica e sempre assustadora porta entreaberta, abrindo ou fechando mais à medida que o vento passa por ela...

... e por aí vai. Cada cenário tem o seu ambiente próprio, e se o escritor/contador de história consegue repassar o ambiente com riqueza, mas mantendo um bom ritmo de narrativa, acho difícil que a audiência não se interesse. Envolver o público também faz parte do bom trabalho.

Tinha mais, mas acho que esse post já ficou bom de tamanho. Continuamos semana que vem.

Forte amplexo do Louco ^_^

2 comentários:

Vivy disse...

Gostei do post otouto. Eu também escolhi uma posição da camera quando comecei a escrever. Foi a primeira coisa que pensei. Achei q vc ia postar mais, mas eu não posso reclamar, ne? Nee-chan anda camelando também.

Bjon!

Louco disse...

Hahahahaha, camelando? Nah, o que eu sei é que minha nee-chan tá ocupada e precisa balancear o uso do tempo. Só isso.

E agradeço pelo comentário gentil, nee-chan. De boa, pensei em uma pá de coisas uma vez que atinei com a 'visão de câmera', tanto que decidi dividir o post em duas partes. Na próxima postagem eu digo mais alguma coisa a respeito, ou o que me pareceu relevante, mas só pra variar, seu otouto já fez a coisa ficar bem grande prum post só; melhor parar antes de fazer todos os leitores dormirem, né? ^^

Bjon do otouto, nee-chan!!