Hola! Saudações fevereirianas do Louco!
Então, eu me toquei de que meu prazo tá vencendo, e confesso que não tinha nenhuma boa idéia pro post (na verdade tenho, mas tô com preguiça de procurar meu caderninho. Tem uma ou duas lá). Então, pedindo licença a quem lê, ainda cumprindo com o voto das três semanas, vou colocar algo diferente por aqui hoje. Nunca quis tentar isso antes, pq tava postando a história da Christie lá no blog da Christabel. mas como a história dela 'terminou' agora, se não se importam....
Essa é uma história paralela, menor, do Conto da Batalha Perdida que é o que estou escrevendo agora. Uma aventura solo do Colecionador de Antiguidades (ladrão, pra quem é negativista) Lenn Trindade, num cenário baseado em uma cidade fantasma do jogo Legend of Dragoon, que eu joguei tem um tempo.
Vai a primeira parte da coisa toda hoje. Daqui a três semanas eu acho que concluo. Por enquanto, bom domingo e boa leitura... e espero que vocês curtam. Forte amplexo do Louco!
Em meio às ruínas
Empoeirada, a Cidade Antiga de Vellthia emanava tamanha tristeza e desolação que ele quase partiu antes de sequer entrar. Ao mesmo tempo, o apelo do passado perdido ali era poderoso o bastante para fazer com que prosseguisse.
E assim fez. Pouco importava a restrição real sobre a área, considerada amaldiçoada e perigosa demais; fora ali que, segundo as lendas, os antigos Libertadores tinham iniciado a Guerra da Revolução. Tanto pelo seu valor histórico quanto pela provável existência de armas, armaduras e outros artefatos da era passada, ele seguiu adiante.
Extremamente antigo, o sítio arqueológico exalava uma aura de desolação e perda, mas também esperança em dias melhores. Ele ajoelhou-se ao encontrar o que parecia um pequeno caminhão de madeira caído junto à entrada de uma habitação que já não possuía telhado, espremida numa rua calçada com paralelepípedos. Vasos com flores que há milênios haviam murchado no interior de casas que tinham em suas janelas uma imitação de cortinas, trabalho interminável de aranhas. Um bastão de ferro polido com restos de madeira que custaram a ele quase um minuto para reconhecer como uma vassoura, atrás do que fora uma porta. Tantas evidências de uma tentativa de vida pacífica em meio à opressão, tantos sinais de batalha e luta corajosa ali dentro que ele quase podia ver como fora o cotidiano de Velthia em seus dias de grande cidade.
Espers já o haviam classificado como possuindo uma tendência à `psicometria', o dom de presenciar eventos decorridos com objetos e lugares ao tocar neles. Seu `ajuste' era voltado para séculos e séculos de antigüidade, o que o tornaria um excelente arqueólogo ou historiador, caso tivesse abraçado tais carreiras a sério. Por algum tempo, ele bem que tentara... porém, ver achados tão importantes, que pessoas muito melhores tinham possuído, indo parar nas mãos de nobres decadentes e realezas arruinadas era uma coisa que causava-lhe o mais profundo desgosto, a ponto de quase ter sido preso em mais de uma ocasião por tentar ocultar achados.
Enfim, decidira optar por ser o descobridor e dono... não, guardião, de tudo o que descobrisse dali por diante. Um colecionador, com habilidade e compreensão para cuidar de seus achados. Alguns o chamariam de `ladrão', mas pouco importava. Nenhuma daquelas pessoas podia entender realmente o que tinha em mãos ao segurar uma taça, ou vislumbrar uma tapeçaria com brasão, ou mesmo empunhar uma espada antiga. Ele, por outro lado, era capaz de quase sentir o sabor do vinho, podia vislumbrar a confecção do tapete e a real motivação do artífice a entalhar o brasão, sentir com vividez a insegurança do guerreiro ao empunhar a espada, correndo rumo ao inimigo sem saber que não voltaria vitorioso...
Essa percepção tornou a assaltá-lo quando seus olhos depararam com o monumento semi-destruído ao qual chegara. De acordo com os registros, Vellthia fora eventualmente abandonada devido a lutas políticas internas que tinham culminado em assassinatos entre os líderes, mas sobrevivera à batalha final da Guerra de Revolução. Os Oito Heróis tinham sido reverenciados ali também; ele podia reconhecer alguns deles no monumento, apesar do desgaste do tempo. O mago Luciano DeJenshath, o Primeiro, bem visível à direita de todos. Terene Le Meck, o cientista genial e eterno adolescente, agachado e fazendo pose diante dos amigos como se fosse tirar uma fotografia. A estátua do extremo esquerdo, ele imaginava, era da assassina das sombras Aisha, uma guerreira mortífera que desertara do serviço dos Iluminados e voltara contra seus mestres as Artes Destrutivas de combate e magia que aprendera deles. A estátua estava semi-destruída, mas pela cintura e a mão direita, ainda visíveis, ele acreditava...
Em meio à sua contemplação, Lenn percebeu que não estava mais sozinho. Da bainha à sua cintura ele sacou a Espada Serpente e se pôs em guarda, deparando-se com uma aparição inusitada. A moça diante dele tinha cabelos ruivos e longos esvoaçantes, parecendo envolta em farrapos que também flutuavam. Estava descalça e olhava para ele com tristeza e cansaço, como alguém que tivera um dia longo e horrível e deparava com um último aborrecimento.
_ Então...? Estou novamente sendo torturada? Não mais, Tasslus, eu imploro...! Estou tão cansada...
Ela falava num idioma antigo, a ponto de Lenn baixar a guarda, tentando traduzir em sua mente o que ouvira antes de poder responder:
_ Eu... não conheço Tasslus. Sou viajante. Não desejo mal
_ Estarei delirando...? – a jovem perguntou, e Lenn sentiu um aperto no coração ao contemplar aqueles olhos – Um viajante? Ninguém vem a Vellthia há quase um milênio. Sei bem disso; apenas uma menina tola num desafio tolo de coragem foi imprudente o bastante para tal, há tanto tempo... E nunca mais abandonou este lugar. Tola, imprudente Melisande...
Embainhar sua espada seria, em qualquer outra situação, a prova de que Lenn fora enfeitiçado pela aparição e estava prestes a perder a própria vida. Mas seu confiável instinto pressentia sinceridade, além da encantadora tristeza de Melisande. Sua mente racional também já computara que, para estar presente por quase um milênio naquela cidade fantasma, a moça não devia ser humana... mas ele não era tão exigente.
_ Este... `Tasslus'... Onde encontro? Que criatura é?
Espanto e medo turvaram as feições de Melisande, que acenou com a cabeça e murmurou:
_ Esqueça... Não deve procurá-lo. Um dia ele me encontrou, eu não o procurava... e aqui estou até hoje. Desapareça enquanto há luz, viajante. Ele não pode tocá-lo na luz. E-ele...
Então ela olhou para o lado, como se pudesse ver algo que Lenn não podia. Sem mais uma palavra, ela apenas acenou e se afastou até desaparecer em pleno ar com um gemido de medo.
Era o momento de decidir. Ela mesma dissera que se fosse. Correr tamanho risco contra uma criatura da escuridão que ele nem conhecia podia torná-lo parte daquelas ruínas para sempre, para deteriorar ali com elas. Só precisava partir.
Entretanto, Lenn confiava em si mesmo. E sabia que teria pesadelos pelo resto da vida com aquela triste aparição sozinha para sempre naquelas ruínas se desse as costas e partisse dali. Suspirando, checou seu armorial e resolveu procurar pelas catacumbas.
(CONTINUA...)
P.S: A propósito, eu pensei melhor e resolvi colocar uma música no final, como de costume. Permitam-me...
Diamonds And Rust (Joan Baez )
Well I'll be damned
Ora, quem diria...
Here comes your ghost again
Aí vem o seu fantasma outra vez.
But that's not unusual
Mas isso não é incomum.
It's just that the moon is full
É só que a lua está cheia
And you happened to call
E por acaso você ligou.
And here I sit
E aqui me sento.
Hand on the telephone
Mão no telefone,
Hearing a voice I'd known
Ouvindo uma voz que eu conheci
A couple of light years ago
A um par de anos-luz atrás
Heading straight for a fall
Seguindo direto para a queda.
As I remember your eyes
Como me lembro, seus olhos
Were bluer than robin's eggs
Eram mais azuis do que ovos de tordo.
My poetry was lousy you said
Meus poemas eram um lixo, você dizia.
Where are you calling from?
De onde está ligando?
A booth in the midwest
Uma cabine no centro-oeste?
Ten years ago
Dez anos atrás,
I bought you some cufflinks
Eu te comprei umas abotoaduras.
You brought me something
Você me trouxe alguma coisa.
We both know what memories can bring
Os dois sabemos o que memórias podem trazer.
They bring diamonds and rust
Elas trazem diamantes e ferrugem.
Well you burst on the scene
Bem, você invade a cena
Already a legend
Já uma lenda.
The unwashed phenomenon
O fenômeno plebeu.
The original vagabond
O vagabundo original.
You strayed into my arms
Você vagou para os meus braços
And there you stayed
E lá você ficou,
Temporarily lost at sea
Temporariamente perdido no mar.
The Madonna was yours for free
A Madonna era sua, de graça
Yes the girl on the half-shell
É, a garota na meia-concha
Would keep you unharmed
Manteria você intocado.
Now I see you standing
Agora te vejo de pé
With brown leaves falling around
Com folhas marrons caindo ao redor
And snow in your hair
E neve no seu cabelo
Now you're smiling out the window
Agora, você está sorrindo pela janela
Of that crummy hotel
Daquele hotel de terceira
Over Washington Square
Sobre a Washington Square
Our breath comes out white clouds
Nossa respiração sai em nuvens brancas
Mingles and hangs in the air
Se mistura e perdura no ar.
Speaking strictly for me
Falando estritamente por mim
We both could have died then and there
Ambos podíamos ter morrido ali e então.
Now you're telling me
Agora, você está me dizendo
You're not nostalgic
Que não está nostálgico
Then give me another word for it
Então, me dê outra palavra pra isso.
You who are so good with words
Você, que é tão bom com palavras
And at keeping things vague
E em manter as coisas vagas
Because I need some of that vagueness now
Porque eu preciso de um pouco dessa incerteza agora
It's all come back too clearly
Tudo volta com muita clareza.
Yes I loved you dearly
Sim, eu te amei com paixão
And if you're offering me diamonds and rust
E, se está me oferecendo diamantes e ferrugem...
I've already paid
Eu já paguei...
Um comentário:
otouto, a continuação naum era em 3 semanas?
Postar um comentário