segunda-feira, dezembro 17

O TEMPO PASSA E NEM TUDO FICA


Olá gente que lê! Pra o último post desse ano, eu acredito, saudações do Louco!

Não faz muito tempo, uma amiga mencionou que não tem muita graça ser o bonzinho da história, porque são os caras e minas ruins quem realmente se divertem; lendo um Senhor dos Anéis, Harry Potter, A Torre Negra ou coisa do gênero, você vê alguma criatura do bem ralando um coco porque alguém do mal tá aprontando, e a epopéia do herói ou heroína, apesar de prender nossa atenção, é um conto cheio de dificuldades, lutas, sabres de luz, fugas por pouco e tiroteios com munição que nunca acaba, com o cara do bem ralando pra caramba antes de conseguir chegar ao final feliz - e convenhamos, até isso tá meio escasso ultimamente. Com isso em mente, e com a frase de uma menina que eu vi na TV durante a véspera do 'Harry Potter e a Ordem da Fênix' no cinema, eu mando a discussão de 'O Crime Compensa?'

Se for pra ver direito, o que a menina e a minha amiga mencionaram faz muito sentido. Com exceção de umas histórias maneiras estilo 'Yu-Yu Hakusho', onde mesmo as dificuldades e situações críticas são tão entremeadas com bom humor que fica difícil notar que tem alguém levando a pior ali... o fato é que tanto minha amiga quanto a menina aparentemente estão cheias de razão. Em quase toda a história, principalmente nas novelas mexicanas e em animes shojo que gostam de imitá-las (sem citar nomes aqui ^^), você vê alguém que sofre mais que barata em pista de dança por dezenas de capítulos e que, nos últimos três ou quatro minutos da história, consegue ver seus problemas resolvidos, as pessoas que o atormentavam sendo punidas ou morrendo (ou as duas coisas) e a vida ficando mais cômoda dali em diante. Por vezes, até, você vê um lapso de tempo grande (de dois meses a vinte anos) passando numa única página, ou cena.

Mas, como diria o velho Einstein, 'tudo é relativo'. Minha amiga e a menina tinham razão considerando o tempo da história, mas se for pra colocar meu dinheiro num time, eu continuo ficando com o dos mocinhos. Porque o conceito de que 'eles sofrem mais' tá errado.

Tá, eu concordo que eles apanham um bocado, pra ganhar só no final...

(especialmente se estivermos falando de animes; nunca me conformei nem vou me conformar com a tendência dos heróis de ganhar dos vilões deixando-os cansados, permitindo-se serem surrados até os caras maus não conseguirem aguentar nem com um espirro)

... mas e esses lapsos de tempo que nós, autores, não conseguimos preencher? Digo, não em 'tempo real' da história?

Na verdade, acho que a maioria dos autores teria muito a contar aí! Quando o cavaleiro finalmente aposentou a armadura de bronze e foi catar umas meninas, e casou, e saiu pra tomar uma cervejada com os camaradas, e nasceram os dois ou vinte e dois filhos, e então ficou velho, virou mestre... Sei lá. Idéia pro 'pós-história' dos personagens não falta; o problema é que ninguém quer ouvir falar disso.

A audiência quer saber dos problemas que eles enfrentaram, dos vilões que venceram, do mundo ou mundos que salvaram. Ponto. Assim, dá mesmo a impressão que os bandidões curtiram muito mais o tempo enquanto os mocinhos tinham que organizar resistências subterrâneas, viver escondidos em esgotos, ou ferro-velhos e coisa do tipo. Heh, alguém já reparou como é comum a organização de bandidões ser um 'Império'? Tendência Star Wars ou não, acontece com uma tremenda frequência. Mas, quando a história termina e os evildoers vão pro saco, os heróis ficam por cima, reis da cocada preta, e bem na hora que o tempo maior deles, se divertindo, fazendo filho e reinando felizes pra sempre começa... nós os deixamos pra lá! E vamos procurar alguma outra história onde alguém esteja sofrendo (ou, em alguns casos mais criativos, escrevemos fanfics a respeito dos tempos posteriores ^^), que é o que a audiência quer ver. Gente ralando. E mostrando que pode superar.

Acho que é um pouco por isso, também, que todo mundo curte ficção. Ver personagens imaginários superando limites. Isso vem da época da mitologia, grega, nórdica e o escambau. Ser humano é gostar de imaginar que, um dia, a história vai terminar num final feliz. Acho que até os pessimistas, no fundo, queriam que isso acontecessem, mesmo 'sabendo' que não vai.

Etcha, empolguei legal! Dá muito mais pano pra manga, mas por enquanto é melhor parar ^^ Forte amplexo do Louco, gente que lê, e se eu não tornar mais aqui até então, um Feliz Natal pra todos!!! ^^ Com final feliz pras histórias de cada um ao final do ano, ou até o final do próximo, pelo menos! E, pra saideira... Deixo com vocês uma música do Paralamas, que me inspirou também pro último bandidão de Christabel (que sofreu tanto quanto eu disse e, quando finalmente foi ser feliz... eu dei um pulão no espaço de tempo T_T Nah, mas vocês não queriam que eu desse detalhes da vida conjugal da moça, né?)

Os Paralamas Do Sucesso - Busca Vida

Vou sair p'rá ver o céu
Vou me perder entre as estrelas
Ver d'aonde nasce o sol
Como se guiam os cometas pelo espaço
E os meus passos
Nunca mais serão iguais

Se for mais veloz que a luz
Então escapo da tristeza
Deixo toda a dor p'rá trás
Perdida num planeta abandonado
No espaço
E volto sem olhar p'rá trás

No escuro do céu
Mais longe que o sol
Perdido num planeta abandonado
No espaço

Ele ganhou dinheiro
Ele assinou contratos
E comprou um terno
Trocou o carro
E desaprendeu a caminhar no céu
E foi o princípio do fim...

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