domingo, dezembro 14

Capítulo Nove Ponto Um!

Ainda por aqui, pessoas! Saudações domingueiras do Louco!

E continua a confusão. Fei continua a lutar no Torneio, tudo pra ganhar tempo pra Bart, que finalmente encontra Margie. Agora, é só tirar a menina do Palácio de Aveh.

Certo...?

(...)

De volta à arena, não parecia provável para Fei que ele seria o campeão. Seu poder da Cura Interior estava revigorando suas forças e amenizando seus ferimentos, mas não iria agüentar aquilo para sempre. Dan estava descarregando mais e mais Tiros Guiados sobre ele, e a platéia estava de fôlego preso, indagando-se quanto mais o Jovem Viajante suportaria sem revidar. Então, Dan finalmente pareceu ficar cansado.
_ Droga, Fei... Por que você não revida?! Anda, eu te desafio!
_ ... Não posso. Não posso me obrigar a atacar você, Dan!
_ Droga! Derrubar você tão facilmente não vai bastar pras almas da minha irmã ou do Timothy! Saco! Vou ter que deixar esse duelo pra depois. Da próxima vez em que eu te encontrar, vai ser o seu funeral! Até lá, fique com isso!
E jogou um tecido branco na direção de Fei. O rapaz constatou com surpresa que era o vestido de casamento de Alice, e Dan ainda disse:
_ Sempre que olhar pra ele, quero que sofra e sinta a culpa pelo que você fez!
Dan desapareceu da arena logo em seguida, não ouvindo nada do que Fei queria dizer.
Enquanto Bart finalmente chegava à torre leste, começou a luta final do Torneio entre Fei e o estranho mascarado identificado como “Sábio”. Pressentindo um adversário diferente, Fei procurou tomar logo a ofensiva, mas seu primeiro golpe encontrou apenas o vazio.
E o segundo. E o terceiro, também. Não importando o quanto aumentava sua velocidade e força, não conseguia atingir o oponente. O Sábio não revidava, mas também não se deixava golpear. Sem conseguir atingi-lo e já ouvindo as primeiras vaias da platéia, Fei não pôde deixar de comparar a sua luta atual com a que tivera antes com Dan, o mais forte evitando atacar para não ferir o mais fraco, e se incomodou com a facilidade que o outro tinha em evitar mesmo seus golpes especiais, como o Raijin ou o Senretsu.
Finalmente, ganhando espaço após ter um chute alto repelido, Fei disparou um Tiro Guiado e derrubou o Sábio, que no entanto girou no ar e caiu de pé, sequer parecendo incomodado.
“Isso não é nada bom – pensou Fei – Desse jeito...”
_ Bem como eu pensava – disse o Sábio repentinamente – Você, onde foi que aprendeu essa técnica?
            _ Quem se importa com isso... Ande! Lute pra valer!
_ Hmm. Então, por que está lutando? Por si mesmo? Ou em nome de outros?
_ Por que está perguntando? – Fei mantinha a guarda alta, mas as perguntas o haviam perturbado.
_ Não tem que haver uma razão, ou um objetivo para uma pessoa lutar?
_ As minhas razões não são da sua conta!
_ Então, está lutando sem nenhuma razão ou objetivo?
_ Quer calar a boca? Eu estou a caminho de descobrir o meu propósito!
_ ... Então esqueça! Pois não há meio de você encontrar tal coisa.
_ O quê?
_ Você parece estar olhando adiante mas, na verdade, só está olhando para baixo! Só está olhando para si mesmo. Desse jeito, não vai encontrar nada.
_ Como você pode saber...?
_ Eu sei – e deu as costas a Fei de braços cruzados, quase parecendo rir sob a máscara – Apenas trocando golpes com você posso fazer uma boa idéia.
_ Ah, cale-se!
Fei tornou a atacar, mas o Sábio o evitou como se ele fosse uma criança, e respondeu:
_ Fraco, fraco... Não vai sequer me tocar com esse tipo de ataques... Mas, superficialmente ao menos, você parece ter amadurecido fisicamente.
Fei continuou sem entender. Quem era aquele homem? E ele continuou, deixando Fei ainda mais surpreso.
_ Você se saiu bem se recuperando daqueles ferimentos, Fei...
_ Hã? Como sabe o meu nome?! Eu deliberadamente não usei meu nome verdadeiro quando entrei nesse concurso. E isso de me recuperar dos ferimentos...? Você não pode ser...?!
De repente, o Sábio curvou-se como se sentisse dor e, diante da dúvida de Fei, ele perguntou-se:
_ Oh, Deus... Já é hora? Acho que não posso evitar... Tenho que partir!
E foi exatamente o que ele fez, embora Fei ainda tivesse perguntas a fazer e a platéia ainda quisesse ver uma luta. Pela desistência do Sábio, Fei foi aclamado vencedor... Mas ele sentia que as perguntas não formuladas eram importantes demais para sentir-se como tal.
Bart descobriu uma ala bem protegida no palácio e achou melhor investigar. Infelizmente, havia mais guardas ali que não haviam se retirado para ver o Torneio e não estavam dispostos a conversar.
Margie ouviu um som de confusão do lado de fora da porta do seu quarto. Depois, pareceu que a coisa agravara-se. A confusão virou uma luta que saiu do controle, e ela ainda se indagava se deveria se aproximar e ver o que acontecia quando um dos guardas arrebentou a porta com o corpo, arremessado por um poderoso golpe de um jovem, um rapaz loiro de um olho só que ela conhecia muito bem.
_ Bart!
_ Vamos pra casa, Margie!
Ela correu até ele e o abraçou aliviada, e o alívio era mútuo. Bart e Margie tinham crescido juntos e eram muito próximos, e só recentemente tinham descoberto o quanto podiam sentir falta um do outro. Com Margie ali, abraçada a ele, Bart sentia sua força voltar, e tudo parecia possível de novo. Sentira muito a falta da prima, e não voltaria a se afastar dela. Era bom sentir o rosto dela em seu peito. E ela disse, numa voz carinhosa:
_ Eu sabia que você viria me buscar...
Foi quando Bart lembrou-se do lugar em que estava, e que ainda corriam perigo. Era bom estar com Margie outra vez, mas precisavam sair dali.
_ Eu vou te tirar daqui. Anda, vem comigo!
_ Tá. Ah, espere só um segundo – ela foi até um dos sofás e agarrou um estranho bicho de pelúcia rosa, dizendo meio sem jeito – Eu gosto muito disso.
Margie ainda não perdera muito do seu jeito de menina ao que parecia, pensou Bart. De qualquer forma, ele a conduziu pelo corredor, pretendendo alcançar a fonte na praça do castelo e sair dali do mesmo modo que entrara. Mas, antes que chegasse à escadaria principal, a porta abriu-se e duas pessoas em uniformes diferentes surgiram, e Margie agarrou seu braço.
_ Bart, olhe!
_ Saco, a Gebler!
_ Parece que nós temos ratos – disse Ramsus, à sua maneira fria e impessoal – Onde planeja levar essa menina, garoto?
_ ‘Garoto’? Hah, garoto?!? Experimenta me chamar disso de novo! E quem diabos é você, afinal?
_ Você tem audácia. Mas eu não preciso dar meu nome a ratos como você.
_ O quê?
Bart não gostara realmente nem um pouco do desconhecido e de sua atitude superior, e o pior, o outro não parecia nem um pouco incomodado com isso.
_ Agora, entregue a menina – ele disse apenas – Ela é uma convidada muito importante. Até que ela nos diga onde um certo pedaço do Jasper de Fatima está, não podemos permitir que ela seja levada.
_ Dá um tempo! Você acha que eu vou entrega-la só porque você mandou? Sai do caminho, seu cretino da Gebler!
Nem isso pareceu perturbar o outro, e Bart tomou a frente de Margie. Ia haver encrenca, e ele não queria que nada acontecesse a ela. Ramsus deu um passo à frente e disse, ainda com seu porte altivo:
_ Hmm. Eu presumo que você saiba onde uma linguagem tão abusiva levará você.
E sacou sua espada, enquanto Bart soltou seus chicotes. Ele se sentia estranhamente tenso. Havia algo naquela calma imperturbável do outro que o deixava inseguro, mas não deixaria que prendessem Margie de novo. A garota de cabelos curtos e olhos azuis escuros atrás do soldado finalmente falou;
_ Se realmente quer proteger aquela menina, então renda-se agora... Príncipe Bartholomew!
_ Hã? Ah, então você sabe de mim, hein? – Bart estava realmente surpreso, mas não pareceu muito aborrecido – Heh. Ter o nome conhecido por alguém tão bonita quanto você até que não é ruim.
_ Ba-arty! – repreendeu Margie atrás dele. E Miang, ignorando os comentários, prosseguiu:
_ Você pode ter tido seus problemas com Shakhan, mas nós não vamos trata-lo tão mal. Quanto a Shakhan, nós achamos que ‘qualquer um’ é satisfatório para nós.
_ É bom saber disso, mas eu não posso aceitar  – Bart meneou a cabeça – Sabe, pra mim, ‘qualquer um’ é ruim.
_ Então está decidido – e Ramsus tomou a frente, a espada em posição de ataque. Bart se colocou em guarda e disse sem se voltar:
_ Tch... Margie! Se esconda ali atrás!
_ Não! Eu vou lutar, também!
_ Tanto faz, só se esconda!
Bart iniciou a luta com seu golpe ‘Caçador de Cabeças’, abrindo a guarda de Ramsus com seu chicote direito enquanto prendia suas pernas com o esquerdo para depois derruba-lo. O comandante da Gebler, no entanto, meramente rolou para trás e partiu para o contragolpe, e os dois imediatamente começaram a se atacar com golpes equivalentes em força e velocidade.
O fato de ter uma arma a mais não favorecia Bart, ele logo percebeu, pois Ramsus era bom o bastante com a espada para conte-lo e ainda revidar; não tardou para que mais e mais talhos se desenhassem em suas roupas e seu corpo, com ferimentos cada vez mais pesados. Mesmo recuando, Bartholomew não conseguia evitar os ataques de Ramsus, embora se sentisse revigorar aos poucos.
Ramsus investiu pela frente e ele precisou de seus dois chicotes para desvia-lo, e foi então que viu que Margie estava rezando por ele atrás da pilastra, e entendeu de onde vinha sua resistência maior; ter uma prima que era a Grande Madre de Nisan, com orações que eram como uma técnica Ether de cura, tinha as suas vantagens.
Detendo-se e tornando a investir, Ramsus repeliu os chicotes de Bart e atacou pela direita, e o jovem pirata decidiu que era hora de terminar com aquilo; com seu ataque mais forte; “Duplo Sônico”, seus dois chicotes caíram sobre Ramsus enquanto sua guarda estava aberta e o jogaram para o alto, e o balé furioso das armas perseguiu o comandante da Gebler mesmo enquanto este caía ao chão.
Os ferimentos de Ramsus, no entanto, não pareciam muito graves e ainda se curavam visivelmente depressa. Bart voltou-se na direção de Miang e viu que ela parecia concentrada, de olhos fechados e mão direita erguida. A moça obviamente estava curando Ramsus, assim como Margie fazia com ele, mas num ritmo muito mais acelerado.
_ Você não é ruim, garoto – Ramsus disse – Nesse caso, é melhor que terminemos logo com isso.
Bart preparou-se para o pior, já respeitando a força do rival, mas tudo o que Ramsus fez foi manter a espada em riste diante de si próprio e fechar os olhos, como se concentrasse suas forças. Sem querer esperar pelo que poderia ser um ataque devastador, Bart ergueu a mão esquerda e condensou a energia Ether diante dela na forma de uma moeda, arremessando-a contra Ramsus antes de seu ataque.
_ Disco Celestial!!
Foi um erro. O Disco deteve-se na espada do comandante, que girou sua arma no ar contra Bartholomew e lançou toda a energia do Disco Celestial de volta contra Bart na forma de farpas dispersas, o que feriu o rapaz seriamente, a ponto de quase nocauteá-lo.
Margie deixou seu esconderijo e abraçou Bart, esperando poder cura-lo a tempo, enquanto Ramsus veio até os dois com ar imponente.
_ Foi tolice atacar durante a minha “Defesa Espelho”, moleque. Posso voltar a força de qualquer ataque contra meu inimigo. Você não deveria ter me desafiado.
Bart sabia o que viria, e praguejou consigo mesmo por não ter sido capaz de proteger Margie como deveria. A espada de Ramsus em breve terminaria seu serviço, e ele sequer conseguia ficar de pé.
_ Bart!
Miang, Ramsus e Margie não reconheceram a voz da figura que entrou pela janela, mas Bart sabia quem era. Fei penetrou no castelo e chegou em cima da hora, afastando Ramsus com um golpe facilmente bloqueado e depois emendando com um indefensável ‘Raijin’ que afastou Ramsus e Miang e deu a Margie o tempo necessário para recuperar os ferimentos de Bart, enquanto o próprio Fei se mantinha entre os amigos e os inimigos.
_ Você tá bem, Bart?
_ Estou feliz... que esteja aqui, Fei.
_ Fei?
Havia algo no nome que ouvira e na técnica que o atingira que perturbaram Ramsus, mas Fei não percebeu naquele momento, ocupado em bronquear com o amigo.
_ O que houve, Bart? Eu pensei que esse era só um simples resgate.

_ Ah, cala a boca! Que culpa eu tenho que esse asno tenha aparecido e me atrasado?

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