VISÃO DO INFERNO

Domingo, e mais uma vez, saudações do Louco! Aproveitando o domingo pq é um dia mais tranquilo, e pra aproveitar o dia pra falar do assunto.

Quando guri, mais obediente, inocente e (ainda) não (tão) Louco, uma atividade matinal rotineira era ir à Igreja. Meus pais iam, eu ia. Lia todo o folheto da missa. Voltava orgulhoso de ter ido... mas quando criança 'bem' pequena, íamos até a Igreja do Carmo, de Sto. André (acho que não tinha nenhuma outra aqui na vizinhança, e tínhamos que ir até o centro). Entre a entrada, o sermão do padre e o momento da partida, eu não deixava de reparar no mural atrás do altar, e sempre foi o meu favorito, mesmo agora, quando ainda sou católico e com fé, mas não tão frequentador, nem inocente. O mural retratava de forma abstrata o inferno, o purgatório e o paraíso, cada qual como se lê na Bíblia. E o inferno, com homens e mulheres em meio às chamas e com uns diabos causando ao redor deles, me assustava e fascinava na mesma medida.

A idéia de queimar eternamente assombrou meus anos de infância, sempre que pensava em religião, e mesmo agora não me parece muito atraente. Mas... será que é isso mesmo?

Gostei muito da visão do mangá Shaman King sobre inferno (condizente com a história deles; procure, quem tiver curiosidade. Saiu no número 44 aqui no Brasil), mas ainda não encaixa com o que eu vim a acreditar. Quero dizer, fogo é ruim o bastante pra todo mundo, claro, mas cada pessoa é uma pessoa, cada personalidade é diferente, e tem gente no mundo como tem estrela no céu, cada qual com seus gostos e ódios particulares. Então, me toquei que um 'inferno' de verdade devia ser algo pessoal, bem como um paraíso. Não dá pra encher um lugar de nuvem, música de harpa e carinhas e meninas de camisolão e esperar que todos queiram ficar lá pra sempre. 'Todos', não.

Da mesma forma, depois de tanto tempo, acho que o inferno seria passar a eternidade em meio àquilo de tudo o que vc mais detesta. Pra mim, por exemplo, pra não tornar o post grande demais, basta dizer que haveria um engarrafamento monstro numa rotatória, e eu estaria no volante de um carro que morreria toda a vez que parasse de se mexer. Todos os carros à minha volta estariam tocando essas 'músicas' que parece tão legal pra a maioria dos garotos motoristas, não só altas, mas capazes de fazer meu carro balançar. E todos ao redor deveriam estar fumando, aquela fumaça pestilenta pairando no ar quente e sem vento dos recentes 'veranicos', a secura de inverno com o calor árido do verão. Naturalmente, tem muito mais coisa pra completar essa 'visão do inferno', mas só com isso já basta pra eu, definitivamente, 'não' querer ir pra lá.

... E quer apostar que, do jeito como todo mundo é diferente, alguém que lesse isso acharia que isso é parte do paraíso? Meu, como somos diferentes uns dos outros...!

Forte amplexo do Louco, e boa semana ^_^