sábado, junho 28

BUSCAS, CAMPANHAS... E FEITO COM BOA COMPANHIA

Eita, que eu tô que tô! Fala gente leitora! Motivado como nunca, com uma pilha de duzentos e vinte no juízo, saudações postoras do Louco!

Tava ainda no finalzinho do post anterior quando uma outra idéia caiu na minha cabeça (tô falando que essas coisas bizarras e selvagens chamadas ‘idéias’ são caprichosas como moça dengosa; te deixam esperando por meses e, quando reaparecem, vêm em torrentes!!! Heh, mas como o nordestino que pede por chuva, de forma alguma eu tô reclamando; vamos é curtir enquanto elas chegam, isso sim!!!! ^_^). Devo confessar que descobri uma tendência por sempre escrever histórias épicas com um tremendo grupo de personagens (diferente da época em que eu me baseava em Conan, o Bárbaro, e meu personagem principal vagava sozinho por um Brasil devastado por um apocalipse econômico mundial... Falar nisso, eu devia realmente reciclar a idéia dos ‘Miseráveis’ pra outra obra... hein? Que post...? ah...!)

... er, desculpem a nossa falha... #^^#

Mas, então, e por isso mesmo eu trago à baila o tópico Cavaleiros, Magos, Mecânicos... e todos os demais.

Foi em uma das inúmeras revistas especializadas em jogos de videogame, não lembro mais qual, que mencionou meu saudoso Final Fantasy VI (era o terceiro na época, pq era a versão americana, e eles pularam alguns) como exemplo de história com ‘personagens demais’. Lembro que dava uma idéia depreciativa, o que eu discordo pra caramba. É verdade que vc tem muita gente lá, mais ainda se poupar um tempinho do final pra procurar Umaro e Gogo, os dois personagens ocultos, mas eles não estão lá só pra fazer número; mais do que acrescentar uma habilidade especial única, cada um tem um passado próprio, uma história que os conecta de algum modo. A estrela Terra Branford é meio humana meio criatura mágica, e parte do passado dela é a própria razão pra a história acontecer at all, enquanto Locke Cole, o ladrão do grupo (ou ‘caçador de tesouros’, como ele faz questão de ser chamado) enfrenta o maligno Império por um motivo pessoal, ao mesmo tempo em que procura por uma relíquia capaz de reviver uma pessoa querida, e isso pra não mencionar os irmãos gêmeos Edgar e Sabin Figaro, da família real do reino do deserto... Cada um tem uma força própria, mas você pode gastar horas e horas de jogo pra descobrir mais sobre quem são e de onde vieram essas pessoas incríveis.

Só quem podia dar conta de lutar, viajar e fazer tanta coisa diferente sozinho era o clássico Conan, o Bárbaro. E, a bem da verdade, o velho Conan era um exército de um homem só; mais forte do que qualquer homem (mesmo os que eram claramente mais musculosos), um espadachim habilidoso, hábil estrategista militar, ladrão astuto e ganancioso, um explorador resistente a venenos, cansaço e desidratação, capaz de caminhar por horas por desertos tórridos, planícies gélidas, florestas sufocantes repletas de ameaças ocultas, um bebedor inveterado, um mulherengo cheio de energia (já vi ele ficar com quatro garotas pra uma só noite, e antes do dia raiar, o cara tava de pé à janela, ponderando, enquanto as quatro estavam caídas e sorrindo enquanto dormiam. Vença isso, Senhor Bond!), um lingüista habilidoso, capaz de aprender de dialetos bárbaros a idiomas orientais, e isso pra não mencionar que ele também era um matador de monstros titânicos, pirata e soldado mercenário, quando não estava sendo poeta! Nas palavras do próprio Conan, ‘Demônios de Crom!’ O homem não tinha por que andar com um grupo numeroso, ele ERA um grupo numeroso em uma só pessoa!

Se é possível bolar outro personagem com tantas habilidades? Claro! Lara Croft, Indiana Jones, MacGyver, estão todos aí pra provar isso, não?

Mas, sei lá, é mesmo tão ruim assim ver uns personagens mais ‘críveis’, cada um especialista ou habilidoso em ‘uma’ ou ‘algumas’ áreas específicas, que por um objetivo comum se unem e seguem numa mesma direção? Ao contrário, eu acho que ajuda muito o autor. Ao bolar personalidades diferentes, você pode ter sábios loucos, espadachins honrados, pistoleiros atormentados pelo passado e clérigos solenes caminhando juntos! Que maravilha de oportunidade pra brincar com vários tipos de personagens e tendências ao mesmo tempo! E que tal se você fizer uma pequena mistura e alterar o que ‘deveria’ ser? De repente você tem um clérigo louco, um espadachim genial, um pistoleiro brincalhão e talvez muito ruim de mira... e porque não, uma criatura geralmente maligna mas honrada, lutando ao lado deles por sentir que deve alguma obrigação ao mago, ou por ter uma quedinha pelo clérigo, pela engenheira mecânica ou alquimista do grupo? Demais!

É claro que nem tudo é um mar de flores. Quanto mais gente se coloca na história, mais espaço será necessário pra falar deles. Dar-lhes nomes, personalidades, passado, função... Eles não podem simplesmente ir parar ali no meio e ficar olhando de um lado pra outro enquanto um ou dois se sobressaem. Cada autor que assuma sua responsabilidade; se quer contar uma história de múltiplos talentos, jóia, é uma excelente idéia. Mas respeite-os do começo ao fim e, principalmente, torne-os interessantes. Em nome dos leitores que você deseja ter, e do seu próprio... ou acha que vai querer escrever sobre eles muito tempo se virarem um bando de figuras inexpressivas no meio da sua epopéia? (esse era o meu problema com o Scooby Doo clássico; Scooby e Salsicha tinham personalidade, medrosos, e os outros eram só figuras pra contracenar) Os pobres coitados vão desaparecer no meio do pó do enredo, e embora um autor ‘possa’ ignorar isso à medida que a história evolui... os leitores ‘não’ vão ignorar. E um belo dia você vai se perceber sem resposta pra quando perguntarem ‘E o que aconteceu com fulano?’ E, cara, eu não vou te invejar nem um pouquinho quando isso rolar...

Como um dos meus primeiros personagens, Márcio Rogério, uma vez mencionou, ‘ir pro campo de batalha sozinho é ruim, mas acompanhado pode ser ainda pior, porque geralmente se vai com os amigos. E se você gosta dos amigos, um campo de batalha é o último lugar pra onde se vai querer levá-los’. Mas, como ele também descobriu, se é mesmo preciso enfrentar uma barra pesada, que ao menos a gente o faça acompanhado de gente em quem sabe que pode confiar, não?

Ou seja, até que eu decida escrever um ‘Conan, o Bárbaro (e pirata, alpinista, ladrão, governante, lingüista, galudão...)’, vou continuar criando grupos diversificados, thank you very much. Porque, se é legal ter um personagem sombrio, tristonho e calado, dando aquele ar de imponência e sobriedade, também é ‘necessário’ ter alguém mais alucinado, divertido e meio Poliana, capaz de encontrar um motivo pra ficar feliz até ao ver uma legião de inimigos avançando. Tem que haver meninas, pra rolar romance ou não, tem que ter gênios, pra descobrirem grandes mistérios e, mais ainda, as soluções pra eles... Tem que haver tolos, loucos, pra rir de algo que não tem a menor graça, ou fazer um comentário inadequado... Tem que haver gente má, capaz de ações nobres e gente boa capaz de alguma sacanagem... porque é assim que é divertido, pras pessoas que lerem e que escreverem, porque o mundo tai, cheio de personagens bizarros e utilizáveis, e é um desperdício ter um campo potencial tão rico e não usar.

E porque esse é um tremendo desafio, e uma chance de mostrar que você ‘é’ mesmo um autor, ou autora. Acha que consegue lidar com um monte de gente, e mantê-los interessantes do começo ao fim? Vai, manda ver! Eles estão lá fora, te esperando... e eu também.

Até um dia, em alguma lanchonete muito boa, do autor maluko

Louco (quase esquecendo de colocar uma música aqui)

Brothers In Arms (Dire Straits)
Irmãos de Armas

These mist covered mountains
Estas montanhas cobertas de névoa
Are a home now for me
são agora um lar para mim
But my home is the lowlands
mas meu lar está nas terras baixas
And always will be
e sempre estará
Some day you'll return to
Algum dia, vocês retornarão aos
Your valleys and your farms
seus vales e suas fazendas
And you'll no longer burn
e não mais anseiarão
To be brothers in arms
ser irmãos de armas.

Through these fields of destruction
Através destes campos de destruição
Baptism of fire
batismo de fogo
I've witnessed your suffering
eu testemunhei seu sofrimento
As the battles raged higher
enquanto as batalhas ficavam mais furiosas
And though they did hurt me so bad
e embora elas tenham me ferido tão seriamente
In the fear and alarm
no medo e alarme
You did not desert me
vocês não me abandonaram
My brothers in arms
meus irmãos de armas.

There's so many different worlds
Existem tantos mundos diferentes
So many different suns
Tantos sóis diferentes
And we have just one world
e nós temos apenas um mundo
But we live in different ones
mas vivemos em mundos diferentes
Now the sun's gone to hell
Agora o sol foi para o inferno
And the moon's riding high
e a lua está cavalgando alto
Let me bid you farewell
Deixem-me dar-lhes adeus.
Every man has to die
Todo homem tem que morrer.
But it's written in the starlight
Mas está escrito na luz das estrelas
And every line on your palm
e cada linha da sua palma
We're fools to make war
Somos tolos de fazer guerra
On our brothers in arms
aos nossos irmãos de armas.

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